A localização de uma pessoa e seu histórico de deslocamentos, captados pelo seu smartphone, são uma forma de identificá-la. Trata-se de um meio de biometria comportamental, que pode ser aplicada para a validação de cadastros, logins e até pagamentos digitais em tempo real. Essa é a proposta da Incognia, nova plataforma de serviços oferecida pela brasileira In Loco, com base na sua tecnologia proprietária de localização presente em apps instalados em cerca de 75 milhões de smartphones no País.
“O conceito por trás é que nenhuma outra pessoa frequenta os mesmos lugares que você no mesmo momento. O comportamento de localização é uma forma de identificação. A partir disso criamos uma plataforma que atua desde o cadastro do usuário até quando ele faz um pagamento em uma aplicação digital”, descreve André Ferraz, fundador e CEO da In Loco, em conversa com Mobile Time.
A solução já está sendo usada por cerca de dez bancos e fintechs no Brasil na validação do endereço em cadastros de novos usuários. “No momento do cadastro há várias soluções que fazem um excelente trabalho de verificação de biometria e checagem de informações, como analisar se o CPF bate com o email ou o endereço. O desafio é fazer o link disso com o device. É justamente isso o que a gente faz. Se a pessoa está fazendo um cadastro, seja numa carteira ou banco digitais, uma das informações requisitadas é o seu endereço. A gente pega esse dado e consegue ver se o comportamento do device coincide com o endereço declarado. Em caso positivo, a gente associa o device àquela pessoa”, explica.
Vale destacar que a In Loco entrega um score de risco, não os dados de localização da pessoa. “A gente consegue comprovar que o endereço informado pelo usuário está correto sem saber onde ele fica”, afirma. “Escolhemos o nome Incognia exatamente porque a gente não precisa da identificação pessoal do usuário, que permanece totalmente privada”, acrescenta.
Login e pagamentos
O uso da biometria comportamental por localização durante o processo de login tem como propósito prevenir o roubo de contas por engenharia social. A Incognia analisa se o dispositivo que fez o login naquela conta tem um comportamento de localização que coincide com o que se conhece daquele usuário. “Se eu roubar sua senha em algum serviço digital e tentar acessar sua conta, vamos perceber que não é você por causa dos locais que eu frequento ou onde estou. Analisamos tanto a localização em tempo real quanto o comportamento recente”, explica Ferraz.
Em pagamentos, a solução verifica se o dispositivo está no local onde deveria estar. Se for uma transferência, verifica se a pessoa está em um local seguro, como sua casa ou trabalho.
Por enquanto, a utilização da plataforma para autenticação em login e pagamentos acontece somente em testes piloto com alguns clientes corporativos, mas Ferraz espera ter o primeiro lançamento comercial em breve. Nos testes até agora a Incognia conseguiu aumentar em 40% o número de transações aprovadas automaticamente e reduzir em 67% o número de falsos positivos nas plataformas de combate à fraude.
Histórico
O lançamento da Incognia era um sonho antigo do fundador da In Loco. “Desde o começo, queríamos criar uma plataforma para viabilizar uma forma de os usuários se autenticarem em qualquer dispositivo, seja celular ou IoT, sem precisar da sua identidade real, e ainda assim explorarem os benefícios de uma experiência personalizada a partir de dados comportamentais”, relembra. “Nosso sonho era uma plataforma de computação ubíqua. Mas lá atrás o mercado não estava pronto. Não tinha IoT nem 5G. Acabamos aplicando nossa tecnologia de localização para resolver outros problemas de curto prazo, como mídia móvel, engajamento de apps etc. Mas agora entendemos que o mercado está pronto para o que queríamos criar desde o início”, conclui.