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A pandemia do novo coronavírus trouxe alterações no comportamento do consumidor, que passou a ficar mais tempo dentro de casa, inclusive para o uso de dispositivos pessoais, como tablets e computadores. É o que afirma Norberto Maraschin Filho, vice-presidente de negócios de consumo e mobilidade na Positivo Tecnologia. “Houve uma reeducação do uso de ferramentas que permitem ter produtividade, principalmente nos PCs e tablets”.

“De um lado achávamos que o mercado cairia. Todos os fabricantes pisaram no freio. Mas não aconteceu. As pessoas se deram conta de que o home office, home schooling e home entertainment são importantes, e as vendas dispararam”, afirmou Maraschin Filho, em conversa recente com Mobile Time”.

O resultado pôde ser visto na divulgação do balanço financeiro da companhia no segundo trimestre 2020. As vendas de PCs no varejo subiram 2,7% comparadas ao mesmo período no ano anterior, de 127 mil para 130 mil unidades. Por outro lado, as vendas de smartphones e feature phones caíram mais da metade (54,5%), de 486 mil para 221 mil peças, impactadas pelo fechamento das lojas. No relatório, a Positivo afirmou que “o desempenho de junho foi melhor do que o de maio” e foi superior ao de abril: “O mercado apresentou forte recuperação com reabertura de lojas e retorno de atividades de vários setores da economia, paralelamente ao crescimento do mercado doméstico”, diz trecho do documento. 

“Em celular, a demanda freou no primeiro mês, mas acelerou a partir do segundo. Ainda não sabemos se é a falta de oferta (nos varejistas), ou aumento da demanda reprimida. A grande dúvida é até quando dura”, afirmou o VP da fabricante nacional. “Nós podemos dizer que ‘passamos a seca’ na mobilidade. Os celulares da Positivo estão cada vez melhores. Avançamos mais com (a parceria com) o Google e teremos coisas interessantes para terceiro trimestre de 2020”. 

Avenidas 

Além das apostas de PCs e tablets na retomada da economia, o executivo da Positivo indicou crescimento nas novas verticais de negócio da companhia, como a oferta de dispositivos conectados para casa (IoT) e da Hi Technologies (testes laboratoriais, inclusive de Covid-19). Juntas, as duas unidades representaram R$ 60 milhões de receita à companhia no segundo trimestre de 2020. Além disso, a empresa tem a unidade de vendas de máquinas de pagamentos, com a Cielo, e tem avançado com dois grandes contratos com o governo – dispositivos móvel de coleta (DMC) dos recenseadores e, mais recentemente, o contrato para fornecer as urnas eletrônicas das eleições gerais de 2022.  

“A Positivo vem fazendo produtos inteligentes e somos líderes incontestáveis no mercado brasileiro. O crescimento disso é gigantesco. Avançamos com oferta de Hardware as a Service (HaaS). Então, a Positivo vem desenvolvendo novos negócios. PC e celular são o principal negócio, mas essas novas avenidas de crescimento vão ajudar a desenvolver mais a empresa”, completou Maraschin 

Saúde financeira 

Outro ponto positivo que Maraschin Filho disse foi o follow on (oferta de ações realizada em janeiro) que angariou R$ 335 milhões e deu robustez ao caixa da empresa para o período de crise. Poucos meses depois, a crise do novo coronavírus estourou e muitas empresas tiveram que fazer o mesmo às pressas, porém sem o mesmo resultado. 

“O dinheiro entrou no caixa da empresa duas a três semanas antes de estourar (a pandemia). Esse capital trouxe tranquilidade. Temos um nível financeiro bom, somos saudáveis, o endividamento é baixo”, explicou o VP da Positivo. “Com uma diluição não tão grande, o capital conseguiu sanar a necessidade financeira da companhia. Tivemos sorte, oportunidade e competência. Quem fez depois da crise perdeu dinheiro.”  

Operação 

Maraschin revelou ainda que a fábrica da Positivo em Manaus não parou, mas precisou de adaptações nos ônibus de transporte do time, uso de EPIs e até alterações na disposição de mesas do refeitório. Em Curitiba, sede da empresa, a equipe foi colocada sob o regime de home office. Explicou ainda que essas mudanças e a dinâmica de continuidade da produção foram baseadas nos reportes que vieram da China.

“Nós vimos que o consumo de tecnologias acelerou muito. Percebemos o comportamento da China que estava maduro. Quando fizemos as projeções, nós compramos com cinco a seis meses de estoque”, disse. “No momento de crise, adaptamos a empresa para o novo normal. Tivemos uma mudança no lado do consumo, teve uma demanda e oferta diferentes. É uma situação ímpar para bens de tecnologia e bens de consumo duráveis”. 

 

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