Os investidores de venture capital não aguentam mais startups que se apresentam dizendo que usam inteligência artificial. O termo virou um clichê e muitas dessas startups, na verdade, não são empresas de inteligência artificial, apenas utilizam ferramentas de terceiros com IA. A reclamação parte de dois experientes gestores de fundos, em painel no Startup Summit, nesta quinta-feira, 24, em Florianópolis: Romero Rodrigues, da Headline, e Guilherme Penna, da Silence.

“Agora todas startups têm IA. Mas será que têm mesmo ou apenas consomem pela API do ChatGPT? Dois anos atrás todas tinham blockchain e algumas, metaverso. Meu conselho: evitem buzz words”, recomendou Rodrigues. O mais importante é ter um produto bem adequado para o mercado, e apresentar boas métricas, aconselhou.

Penna, por sua vez, sugeriu que as startups abram os olhos para métricas de sustentabilidade. Ele acredita que isso será mandatório no futuro, e quem não estiver preparado será penalizado pelo mercado. Comparou inclusive com a tecnologia móvel: “Hoje ninguém mais fala que criou uma empresa mobile, porque todas são mobile”. Com sustentabilidade será a mesma coisa, aposta. Vale dizer que o fundo de investimento comandado por Penna é especializado em climatech.

Conjuntura negativa

Os dois executivos reconheceram que não está fácil levantar capital neste momento para startups. Porém, isso pode ser positivo para fundadores dispostos a dedicar mais tempo na operação, porque o custo de aquisição de cliente e o custo dos desenvolvedores estão mais baixos. “É na crise que surgem as melhores startups”, resumiu Rodrigues.

Penna entende que hoje está mais difícil conseguir investimento para empresas com estratégia de crescimento desenfreado. “Esse tipo de startup está sendo penalizado pelos fundos”, comentou. Mas admite que é uma situação injusta, haja vista que poucos anos atrás os fundos incentivavam esse tipo de estratégia.

*O jornalista viajou a convite da organização do Floripa Conecta

 

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