As operadoras de telefonia admitiram nesta terça-feira, 24, em depoimento na CPI dos Crimes Cibernéticos da Câmara, a fragilidade do cadastro dos celulares pré-pagos, mas entendem que uma solução para o problema deve ser dada pela Anatel. "As medidas não podem cercear o acesso do usuário ao serviço", ressaltou o diretor de relações institucionais da Oi, Marcos Mesquita.
A preocupação dos deputados é com a dificuldade de rastreamento desses aparelhos, que predominam no País. O diretor de relações institucionais da Claro, Fábio Andrade, disse que há estudos para que esse cadastro, que exige apenas o número do CPF do usuário, inclua outras informações. O diretor da TIM, Leandro Guerra, disse que a operadora comprova a informação com a data de aniversário, mas reconhece que não é o bastante.
O diretor da Vivo, Enylson Camolesi, por sua vez, disse que os sistemas das operadoras são feitos para facilitar a vida das pessoas que moram mais distantes. Ele reconhece, entretanto, que ainda se pode avançar nesse tema.
As operadoras afirmaram que as solicitações judiciais e de autoridades policiais de acesso a dados cadastrais, localização de pessoas, quebra de sigilo e interceptação telefônica são atendidos na medida em que determinam as leis e em prazo médio de 48 horas, inclusive as solicitações da Justiça referentes à operação Lava-jato. Só a Vivo entregou 700 mil cadastros a pedido da Justiça. As exceções só se dão quando há imprecisão nos pedidos.
Os parlamentares também pediram mais rapidez na implantação do IPv6. Isto porque, na atual situação, para atender à demanda por IP, os endereços precisam ser compartilhados, o que dificulta a identificação de usuários suspeitos. O gerente da Anatel, Nilo Pasquali, disse que um cronograma já foi estabelecido, de forma que todos os atores possam cumpri-lo.
Terrorismo
As empresas também se disseram dispostas a participar de qualquer iniciativa do governo para garantir maior segurança nas Olímpiadas. Mas ressaltaram que vigilância nas comunicações por meio de redes sociais, contra cooptação de pessoas pelo Estado Islâmico, por exemplo, somente é possível ser feita pelos donos dos aplicativos. "Nós não somos responsáveis por conteúdos que normalmente trafegam na rede encriptados", disse Mesquita.
"Todas as operadoras em eventos anteriores participaram de comitê estabelecido pelo governo, que acompanhou todas as alterações nos serviços e isso deve acontecer também nas Olimpíadas", afirmou o gerente de segurança de rede da TIM, Nelson Sá.