OpenRAN; Anatel

O superintende de outorga e recursos à prestação da Anatel, Vinícius Caram, explicou que o regulador tem “uma posição neutra” acerca da adoção do OpenRAN pelas operadoras de telecomunicações: “A agência tem uma posição neutra. O nosso papel é que o equipamento seja certificado e possa garantir benefícios a todos”, disse Caram, durante o Teletime Tec, evento online organizado por Teletime nesta terça-feira, 24.

Caram acredita que a tecnologia OpenRAN quebra o paradigma no RAN, abre a competição, com interface aberta e padronizada e pode ser implementada independente do fornecedor. Contudo, explicou que há uma curva de aprendizagem, alto custo de implementação no começo, risco de vulnerabilidade. Lembrou que é preciso fornecer formação dos profissionais nesta rede e é preciso garantir baixa latência.

Alex Jucius, presidente da Associação Neo, acredita que o OpenRAN é vantajoso para o setor, mas defende que a decisão de adotar o RAN aberto precisa ser dos operadores. Explicou que há problemas na adoção, como a definição da tecnologia e deveres que podem atrapalhar o desenvolvimento das PPPs.

“A princípio tem custos escondidos. Parece barato, mas no longo prazo pode ter dor de cabeça. Se der problema, a reclamação recai sobre o operador, não será no fornecedor. No mundo real, um mandate (ordem expressa, na tradução livre do inglês) do regulador seria como se o governo mandasse a adoção do Linux em um PC com peças de diversos fornecedores. Não pode ser assim, tem gente que quer um PC Dell, outros vão querer Mac”, exemplificou Jucius.

“A iniciativa é fantástica. É ótimo ter soluções abertas de custo baixo. Mas mandar fazer isso, é complicado. O governo deve ser neutro. Quem precisa definir a tecnologia e a segurança é o operador. Acredito que em algum momento o OpenRAN vai ser competitivo e será mais uma (opção) no rol de soluções para avaliar”, completou o presidente da Neo.

Representante das operadoras no painel, Luiz Bourdot, diretor de evolução tecnológica da Claro, afirmou que o RAN aberto precisa de mais “maturidade”. O executivo explicou que a solução surge em um “ambiente complexo”, com compartilhamento de espectro e sistemas legados. E por isso não há como exagerar nas expectativas.

Pela ótica do fornecedor, Francisco Giacomini Soares, vice-presidente de relações institucionais da Qualcomm, também acredita que um mandate do regulador para utilizar o OpenRAN seria inadequado e poderia atrapalhar o leilão de 5G. Em sua visão, a adoção da solução aberta demanda “prudência” dos players do mercado, mas pode ser incentivada por meio de políticas públicas.

“A regulação pode ajudar. Talvez com uma política pública – com alguns fundos – que tornem realidade a desagregação de redes”, disse o executivo da Qualcomm, que defendeu ainda uma aliança brasileira para discutir a tecnologia. “Seria importante montar algo similar (ao OpenRAN Alliance) no Brasil. Já tem algo sendo pensado pelos fabricantes para que seja formada a OpenRAN Brasil. Faltam as operadoras”, afirmou Soares.

 

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