Embaixador da China no Brasil, Yang Wanming

Embaixador da China no Brasil, Yang Wanming

| Publicada no Teletime | A Embaixada da China no Brasil não gostou nada das acusações de ciberespionagem feitas pelo filho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ). A representação chinesa no País divulgou nota nesta terça-feira, 24, atribuída ao “porta-voz” (Yang Wanming é o embaixador chinês no Brasil), manifestando “forte insatisfação e veemente repúdio” aos comentários do parlamentar contra o governo chinês e falando em barrar a Huawei.

O mal-estar foi tão grande que a diplomacia chinesa fala que Eduardo Bolsonaro precisa “evitar ir longe demais no caminho equivocado”. E subiu o tom: “Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”. O filho do presidente havia acusado o Partido Comunista da China e empresas chinesas de praticar espionagem e defendeu o projeto dos Estados Unidos para redes 5G sem a presença chinesa, o “Clean Path”.

“Tais declarações infundadas não são condignas com o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados”, diz a nota da Embaixada. “Prestam-se a seguir os ditames dos EUA no uso abusivo do conceito de segurança nacional para caluniar a China e cercear as atividades de empresas chinesas.” A representação diplomática fez “gestão formal ao lado brasileiro pelos canais diplomáticos”.

A manifestação chinesa afirma que as declarações de Eduardo Bolsonaro e “algumas personalidades” têm ido na “contracorrente da opinião pública brasileira”, afirmando que são “uma série de declarações infames que, além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil”. E acrescenta: “Acreditamos que a sociedade brasileira, em geral, não endossa nem aceita esse tipo de postura”.

A declaração acontece no mesmo dia em que a Anatel se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para discutir o leilão de 5G. O ministro das Comunicações Fábio Faria afirmou que vai fazer uma viagem à Ásia para falar com “players”, mas não detalhou quais.

Retórica dos EUA

O argumento da Embaixada da China é que há iniciativas do governo asiático sobre segurança de dados, incentivando empresas a operar “com base em ciência, fatos e leis”. Diz ainda que os EUA “têm um histórico indecente em matéria de segurança de dados. Certos políticos norte-americanos interferem na construção da rede 5G em outros países e fabricam mentiras sobre uma suposta espionagem cibernética chinesa, além de bloquear a Huawei visando alcançar uma hegemonia digital exclusiva”. Por conta disso, pede que as “personalidades” brasileiras deixem de “seguir a retórica da extrema direita norte-americana”, cessando as “desinformações e calúnias”.

A Embaixada lembra da relação amistosa com o Brasil há 46 anos, ressaltando que a China é o maior parceiro comercial do País há 11 anos consecutivos. Destaca as “cooperações na telecomunicação e em outros setores”, incluindo o apoio no enfrentamento da pandemia da Covid-19.

Falou e apagou

Eduardo Bolsonaro afirmou no Twitter na segunda-feira, 23, que o Brasil estaria entrando em uma “aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”. Afirmou ainda que “entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista da China”, estariam praticando “invasões e violações às informações particulares de cidadãos e empresas” e citou o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Bolsonaro apagou o primeiro tweet, mas outros seis do “fio” continuam na rede social.

 

 

 

 

 

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