Nos pagamentos avulsos do free flow na CCR, ou seja, os clientes que não usam tags e tem a placa capturada pelo sistema de pedágio, 85% são feitos via Pix e o restante (15%), por cartão de crédito. É o que revelou Cleber Chinelato, gerente executivo para soluções de rodovia do Grupo que administra a RioSP.

Em conversa recente com Mobile Time, o executivo explicou que os motoristas que dirigem pela rodovia BR-101 (no trecho de Ubatuba até o Rio de Janeiro que tem três pórticos de free flow) têm a placa captada pelas câmeras e o valor do pedágio é adicionado ao site da concessionária para pagamento em até 48 horas – mas na maioria dos casos o sistema sobe em pouco menos de dez minutos).

Destrinchando o free flow

Chinelato detalhou ainda como funciona o free flow para os pagamentos avulsos. As câmeras do sistema têm inteligência artificial embarcada com machine learning e reconhecimento de ótico (OCR). São três câmeras por faixa que leem a placa frontal do veículo, a placa traseira e o eixo. A partir dessa leitura, cada carro recebe uma identidade anonimizada pelo sistema.

Se o motorista estiver cadastrado e deu o consentimento (opt-in) para a empresa captar seus dados, o sistema do free flow o reconhece e envia um SMS ou push via app na hora avisando que passou pelo pedágio. Também há push notification para usuários da Carteira Digital de Trânsito (Android, iOS). A partir do alerta recebido em seu handset, o usuário deve entrar no site e efetuar o pagamento. Se não tiver cadastro, ele deve entrar no site, app, chatbot, 0800 ou ponto de atendimento da CCR para efetuar o pagamento.

Vale dizer, a comunicação com o usuário cadastrado acontece sem problemas devido a um trabalho que a concessionária fez junto às operadoras para ter uma RioSP 100% com cobertura móvel LTE.

A concessionária dá prazo máximo de dois dias para subir a tarifa do usuário no site, mas geralmente o faz até dez minutos após o usuário passar pelo pórtico. Por sua vez, o consumidor tem até 30 dias para pagar a tarifa e evitar multa por evasão do pedágio, que custa R$ 195 e cinco pontos na CNH para o infrator.

O gerente da CCR afirmou que 95% dos clientes que fazem o opt-in com a CCR pagam com frequência e evitam as multas. Lembrando, a ANTT afirmou que apenas 5% dos motoristas que passaram pelo free flow não pagaram e receberam multa, o equivalente a 1,2 milhão de multas em um universo de 25 milhões de transações realizadas na BR-1101.

Para quem possui tag (Sem Parar, Veloe, Taggy, ConectCar ou MoveMais)  é mais simples, uma vez que o sistema tem um leitor de RFID para reconhecer o usuário. Tanto no pagamento avulso como o pagamento por tag, o sistema do free flow tem 99% de assertividade.

Pagamentos digitais na rodovia

free flow

Conjunto de antenas no pórtico do free flow para a leitura dos tags que circulam pela rodovia. (Imagem de arquivo: reprodução de vídeo)

Na CCR RioSP, os clientes podem pagar via site, 0800, app ou WhatsApp. Chinelato explicou que o WhatsApp é bem popular entre os consumidores, mas o pagamento não é feito via Meta Pay. Em seu lugar, a CCR transporta o usuário para um site de pagamento externo.

O executivo relatou que a estratégia do free flow permite acelerar o plano da CCR de não ter dinheiro físico envolvendo pedágio na rodovia até 2026. Isso inclui colocar mais postos de autoatendimento para praças de pedágio que não possuem o free flow.

Atualmente, a concessionária também tem 101 totens de atendimento espalhados na Rio-SP. Nas praças de pedágio, a expectativa é que na Dutra haverá 20 cabines completamente digitalizadas para iniciar essa jornada cashless.

Importante dizer, a CCR está preparando um plano para remanejar as equipes que trabalham em praças de pedágio para outras áreas da empresa, como atendimento e equipe de pronto apoio.

Futuro e desafios

Além da BR-101, a CCR quer colocar mais pórticos de free flow na via Dutra (BR-116) no trecho que engloba a Região Metropolitana de SP, de São Paulo até Arujá. A expectativa é ter 21 pórticos instalados até o final do primeiro semestre de 2025 para cobrir os 350 mil veículos que trafegam diariamente na via, como estabelecido no contrato da concessão. Segundo Chinelato, a CCR está em fase final de desenvolvimento de sistemas, mas ainda não tem um pórtico de testes. De acordo com o executivo, a expectativa é que os testes ocorram ainda no primeiro trimestre de 2025.

Questionado sobre a possibilidade do free flow substituir de vez as praças de pedágio, o executivo explicou que é muito cedo para dizer. Mas reforça que estão em estudo e que podem colaborar para a evolução das rodovias no país: “Enxergo em cinco anos um cenário muito positivo com o free flow no país (com adoção massiva). Algo que demorou 20 anos para acontecer no Chile”, completou.

O gerente da companhia explicou ainda que um dos focos principais de trabalho da CCR e de outros envolvidos no ecossistema no curto prazo é criar uma interoperabilidade, de modo que tenha um sistema único para pagar os pedágios. Por exemplo, hoje, se um usuário utiliza BR-101 e a Rodovia dos Tamoios (que é de outra concessionária) no mesmo dia, ele deve entrar no app/site/chatbot de uma empresa e depois de outra, ou seja, não é unificado.

Vale lembrar, a Veloe se colocou à disposição para ser um dos operadores do sistema de pagamentos avulsos. E a ANTT quer definir como funcionará o sistema interoperável do free flow até o final de 2025.

Nesse ecossistema pesa contra o fato que o free flow não está conectado em nenhuma base de dados, como CNH, uma vez que precisa consentimento dos usuários. Por isso, a presidente da concessão da RioSP, Carla Fornasaro, tem enfatizado a necessidade de troca de dados entre os players envolvidos (concessionárias, reguladores e empresas de pagamentos), em especial sobre os inadimplentes.

Neste ambiente, há tratativas da Artesp com a ANTT para compartilhar dados sobre motoristas inadimplentes.

Imagem de arquivo: Carla Fornasaro, diretora-presidente da CCR RioSP e Cleber Chinelato, gerente executivo para soluções de rodovia do Grupo, durante evento promovido pela ANTT sobre o free flow em 2023 (Imagem: reprodução de vídeo)

 

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