A estratégia da Brisanet para conquistar novos clientes para sua base móvel consiste em bater de porta em porta nas cidades onde atua ou captar em suas lojas físicas. No momento, a abordagem dentro da base, via telemarketing, está descartada. O motivo está na defasagem da base de dispositivos móveis da região onde atua e, por isso, muitos celulares não funcionam na rede 3,5 GHz da operadora.
“Neste primeiro momento a Brisanet faz abordagem física com o cliente. Não estamos fazendo operação de telemarketing ativo com os nossos clientes”, disse José Roberto Nogueira, CEO da operadora, durante apresentação dos resultados financeiros da empresa nesta terça-feira, 25. “7% da nossa base usa a rede 5G. Os outros 93% fazem uso da rede 4G da Brisanet. É uma desvantagem ter essa porcentagem de celulares que não falam com a nossa rede 5G. Mas o nosso 4G é melhor do que o da outra companhia (concorrente)”, complementou.
Os celulares são incompatíveis e cada modelo de celular necessita fazer uma atualização de software do fabricante. Por isso, ao longo de pouco mais de um ano, centenas de modelos de smartphones tiveram a correção de software. “Mas isso foi uma jornada ao longo desses 15 meses e agora chegamos a 60%-65% dos celulares do mercado que falam com a nossa rede”, explicou Nogueira.
5G é um excelente negócio

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Não à toa, a empresa busca novos clientes para a rede móvel presencialmente e sem investir ainda em seus clientes FTTH. “Acreditamos que nos próximos dois anos haja um número expressivo de usuários antigos que tenham substituídos seus celulares para 5G. Até porque, um smartphone 5G está na faixa de R$ 800-R$ 900”.
A busca pelo cliente de rede móvel presencialmente serve para que os colaboradores insiram os chips Brisanet nos telefones celulares e testem se ele funcionará na rede 5G da operadora.
Nogueira aposta que a rede 5G vai alavancar nos próximos dois anos, quando as aplicações começarem a consumir mais gigabytes. E a Brisanet quer estar pronta para quando isso acontecer.
“Não temos dúvidas de que o 5G é um excelente negócio. Vemos que, nos próximos anos, as aplicações terão recursos de inteligência artificial e isso requer muito processamento. E não é processamento local, é em nuvem. Esses 5 GB, 10 GB, 15 GB, olhando para daqui a dois anos, não serão nada. As pessoas vão precisar de muito mais”, explica Nogueira.
“As aplicações levam o consumidor a fazer uso de dezenas de gigas. Quem estava no pré-pago terá uma experiência melhor com ofertas de 15 GB ou 20 GB. Com isso, a baixa renda faz uso de streaming gratuito e, ao longo do tempo, a gente vai elevar o tíquete para a base que está entrando no pacote de R$ 29,90. Mas já estamos empenhados nos dois planos de R$ 39,90 e R$ 49,90, fazendo abordagem inicial com esses planos”, conta. No momento, a empresa não divulga o share de cada plano, mas Nogueira informou que deverá apresentar esses números a partir do próximo trimestre.
Brisanet sem pré-pago
Nogueira lembrou que a Brisanet não tem planos pré-pagos. E não pretende ter. O CEO da empresa está convicto em não oferecer planos pré-pagos, mas atrair o cliente potencialmente pré-pago com uma oferta de entrada para pós-pago oferecida pela Brisanet, abaixo das praticadas no mercado, R$ 30.
“Qualquer operadora móvel deve focar num tíquete menor. E, na Brisanet, o valor é de R$ 29,90. Estamos fazendo uma grande mudança ao transformar o mundo pré-pago em pós-pago. Onde a Brisanet atua, no Nordeste, entre 65%-70% são planos pré-pagos. Esse número passa de 80% no interior, cidades pequenas e periferia das capitais, onde supera os 85%. E a Brisanet optou por não ter o modelo pré-pago. Entendemos que o pré-pago é uma jornada sem fim. Preferimos transformar esse mundo do pré-pago no pós-pago. Não é fácil porque é um usuário que não tem a cultura de pagamentos recorrentes – ele faz uma recarga ou duas por mês”, explicou Nogueira.
“É um desafio grande achar esse modelo do aculturamento dessas pessoas que antes faziam a recarga e agora estamos levando para uma mensalidade de R$ 29,90”.
Market share
A Brisanet começou a operação em outubro de 2023. E, segundo a operadora, no conjunto de cidades em que a operação está presente entre 12 e 17 meses, a empresa chega a 13% de market share. “Está dentro das nossas expectativas, mesmo considerando a barreira que é a entrada de um novo operador no mundo móvel, enfrentando problemas que não tem como não passar: os celulares incompatíveis”, resumiu.
Vale dizer que, em fevereiro deste ano, a empresa alcançou a marca de 417 mil chips ativos.