Quatro cidades de Santa Catarina foram as escolhidas para sediar as etapas do projeto A Jornada, iniciativa que tem como objetivo revelar o primeiro atleta identificado por IA da história. Para isso, o projeto utilizará o aplicativo CUJU, plataforma que age como um o treinador ou olheiro de futebol, que utiliza inteligência artificial para avaliar e analisar o desempenho de jogadores e jogadoras do esporte. 

O CUJU foi desenvolvido pela empresa alemã de tecnologia Rogon, que lançou o app no Brasil no ano passado, e conta com o ex-goleiro Júlio César e o zagueiro Luís Gustavo como embaixadores. A primeira etapa ocorreu em Florianópolis, no dia 23 de fevereiro, seguida pela segunda etapa em Blumenau, no dia 15 de março. A terceira etapa acontecerá em Joinville no dia 6 de abril, e a final está agendada para Itajaí, em junho.

O evento conta com quatro categorias, sendo três masculinas e uma feminina. Cada grupo é formado por 24 atletas, classificados conforme o ranking do CUJU (Android, iOs). No masculino, as divisões ocorrem de acordo com a faixa etária: 13, 14 e menores de 15 anos (que participam apenas da primeira seletiva); 15 e 16 anos; e 17 anos ou mais. No feminino, as jogadoras têm idades entre 13 e 17 anos.

Os três atletas que se destacarem em cada categoria receberão o prêmio Golden Ball (Bola de Ouro) do júri, garantindo sua vaga direta na final. Já os outros serão avaliados nas próximas seletivas e selecionados de acordo com seu desempenho nas partidas.

O desenvolvimento do app CUJU

De acordo com Sven Müller, porta-voz da Rogon, a ideia do aplicativo é tornar o processo de peneira mais justo, aumentando a visibilidade e as condições para os jovens atletas aspirantes ao futebol. “Grandes talentos em potencial são excluídos do processo de análise, mal avaliados ou simplesmente ignorados em todo o mundo. Clubes e olheiros, por outro lado, são cada vez mais forçados a competir por jovens atletas”, explica.” Os recursos financeiros são distribuídos de forma desigual e é impossível estar em todos os lugares.”

A plataforma funciona com sistemas de IA, que por meio de dispositivos móveis, possibilitam que os atletas realizem exercícios do aplicativo. Os exercícios foram criados por cientistas do esporte, treinadores e especialistas internacionais, para demonstrar suas habilidades com base em fundamentos como velocidade, passe, agilidade e controle de bola. “Após enviar o desempenho no aplicativo, a inteligência artificial mapeia e avalia os movimentos do jogador e o coloca em uma posição transparente no ranking”, explica Müller.

O CUJU combina visão computacional e machine learning, com a entrada da câmera do smartphone. “Modelos avançados de aprendizado de máquina e redes neurais processam entradas de vídeo 2D padronizadas e analisam quadros de vídeo de gravações de smartphone para detectar e estimar com precisão as posições corporais dos atletas, capturando movimentos precisos e extraindo detalhes diferenciados sobre desempenho atlético e dinâmica de movimento”, continua o porta-voz da Rogon.

As análises do app foram elaboradas após workshops com clubes e associações em todo o mundo. Os treinadores de futebol da plataforma escolheram então uma mistura de exercícios atléticos, como velocidade e agilidade, e exercícios de manuseio de bola, como drible, passe e controle. A ideia é que isso pudesse garantir uma proximidade com o jogo e fornecer preditores confiáveis de níveis de desempenho mais altos.

Após enviar o desempenho no aplicativo, a inteligência artificial mapeia e avalia os movimentos do jogador e o coloca em uma posição transparente no ranking. A partir daí, o sistema sugere melhorias para os exercícios, que podem ser repetidos quantas vezes o atleta quiser. E assim, os usuários mudam de posição no ranking.

Müller, esclarece, entretanto, que além das habilidades de talento natural, a mentalidade para treinar e melhorar, incentivadas pelo aplicativo, é o que fará a diferença para os olheiros na maioria das vezes. “A posição que eles ocuparão no ranking da plataforma depende exclusivamente do atleta. O desempenho puro conta.”

Apesar da análise da performance no aplicativo ser realizada pela IA, uma equipe de ciência de dados também exerce um papel na análise de dados de desempenho esportivo, identificando padrões e detectando talentos promissores com base em insights gerados por IA.

“A IA do CUJU foi projetada para fornecer avaliações altamente precisas e consistentes, mas especialistas em domínio esportivo – a avaliação humana de jogadores – desempenham um papel crucial no processo de validação final. Eles revisam casos selecionados de atletas de alto desempenho, garantindo que o sistema esteja alinhado com as expectativas dos olheiros e continue a evoluir com insights de especialistas”, conta.

Uma ferramenta para a democratização

O porta-voz reforça ainda que o CUJU serve como uma ferramenta para auxiliar os profissionais, servindo como um complemento para a visão humana. “As soluções de IA não devem substituir olheiros e avaliações humanas. Em vez disso, os processos serão significativamente aprimorados e individualizados”, exemplifica.

“Uma grande quantidade de informações pode ser processada de forma inteligente e entregue precisamente de acordo com as necessidades do clube. O scout do amanhã será inter-regional, eficiente e as decisões serão mais orientadas por dados e mais bem informadas”, afirma.

Para Müller, o app democratiza as peneiras ao disponibilizar uma ferramenta que pode ser utilizada em qualquer lugar por qualquer pessoa, mesmo nos lugares mais carentes. 

“Uma grande quantidade de informações pode ser processada de forma inteligente e entregue precisamente de acordo com as necessidades do clube. O scout do amanhã será inter-regional, eficiente e as decisões serão mais orientadas por dados e mais bem informadas”, explica. 

Outro diferencial apontado por Müller é a participação do futebol feminino no projeto. “Estamos orgulhosos de que o futebol feminino já seja parte integrante da iniciativa. Isso fortalece a participação equitativa e destaca o grande potencial que essa área tem para o esporte global.”

Planos de expansão

Segundo o porta-voz, a plataforma já tem várias parcerias internacionais de clubes e uma rede de décadas de times, associações e tomadores de decisão. Durante o processo seletivo do projeto A Jornada, profissionais de clubes como o Corinthians, Flamengo, Avaí, Joinville e Barra FC estiveram presentes.

“Já rastreamos e impulsionamos as carreiras dos primeiros usuários masculinos e femininos da plataforma, que foram testados com sucesso em equipes no Brasil e além. Nossa ideia é disseminar o projeto por todo o país e contar com a participação do maior número possível de instituições.”

Embora as ferramentas de padronização, medição e classificação de dados de desempenho do CUJU possam ser aplicadas a outros esportes, Müller explica que, no momento, o foco está exclusivamente no futebol. Claro, essa lógica poderia ser potencialmente aplicada a várias outras categorias, mas nós amamos futebol e atualmente estamos completamente focados nos muitos atletas apaixonados e fãs do esporte mais bonito do mundo.”

 

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