Cooperativas de pequenos provedores de telecomunicações da Argentina decidiram lançar em conjunto uma operadora móvel virtual (MVNO, na sigla em inglês). O movimento é liderado pela Câmara de Cooperativas de Telecomunicações (Catel), entidade que reúne cerca de 2,5 mil cooperativas que prestam serviços como banda larga fixa, telefonia fixa e TV por assinatura e que contam com 2 milhões de assinantes.
A MVNO foi batizada como Enacom (Ente Nacional de Comunicaciones) e usará a rede da Movistar, do grupo Telefônica. Seu lançamento está previsto para agosto deste ano.
“A Movistar entendeu que as cooperativas podem ser um aliado estratégico para entregar valor em regiões onde ela ainda não atua”, diz Ariel Alvarado, presidente da Catel. Ele explica que muitos dos provedores que fazem parte do projeto estão localizados em áreas que não contam com cobertura 4G. Um dos planos da Enacom é fazer o offload automático do tráfego móvel para as redes WiFi dos provedores, garantindo uma cobertura e qualidade maiores, além de redução nos custos.
A Enacom adotou o modelo de “full MVNO” e terá o seu próprio core de rede, o que lhe confere maior flexibilidade na administração da rede e na oferta de serviços.
Os provedores continuarão existindo separadamente como prestadores de serviços fixos, cada um com a sua marca, mas no segmento móvel atuarão de maneira conjunta com o nome de Enacom.
Vale destacar que a Catel é uma entidade sem fins lucrativos. Os custos com a manutenção da plataforma são divididos de forma igualitária entre as cooperativas.
Alvarado participou do seminário 5G & LTE Latin America, nesta quinta-feira, 25, no Rio de Janeiro.
Análise
O exemplo argentino poderia servir de inspiração para o Brasil. Há milhares de provedores de Internet no interior do País, para os quais ainda falta o serviço móvel no portfólio. Houve quem arriscasse um voo solo, como a Brisanet, no sertão brasileiro. Mas uma operação em conjunto, sem dúvida, conferiria maior força na negociação com a operadora móvel dona da rede. Tal como a argentina Catel, há associações no Brasil que reúnem esses provedores e que poderiam liderar um projeto desse tipo.