A pandemia fez pessoas perderem suas principais fontes de renda, enquanto empresas zeraram o caixa da noite para o dia. Para se salvar, muitos recorreram ao crédito via celular. Usando algortimos para analisar dados coletados pelo smartphone do consumidor, empresas vêm concedendo empréstimos em poucos minutos para quem precisa. O assunto foi tema da live “O celular como canal de acesso a crédito no Brasil”, promovida por Mobile Time nesta quinta-feira, 25. “É um montante gigante de informações que o celular pode oferecer. Enquanto o usuário espera o SMS validando o token (depois do cadastro no aplicativo), estamos rodando vários modelos por trás para validar questões de fraudes e concessão do limite (de empréstimo)”, explicou Pablo Brenner, diretor de crescimento e receita do Jeitto, startup de crédito via aplicativo, que consegue responder em até dois minutos se o novo usuário está apto a receber crédito ou não. Segundo Brenner, o resultado é fruto de muito desenvolvimento. Para que um novo usuário tenha a concessão de empréstimo na empresa, não é preciso pedir documentos, nem informações pessoais, apenas o CPF.
Em um ano e meio de vida, com o crescimento da empresa e aumento do número de usuários, 80% das decisões de ofertas de credito e averiguação de fraude são baseadas nos dados do celular.
“Com o nosso crescimento isso facilitou e aproveitamos o ‘efeito de rede’. Recentemente fizemos uma parceria com o SPC Brasil para fazer um mix melhor dos dados alternativos e do mercado de crédito. Não posso depender da compra de informações de fora porque nossos clientes pedem quantias baixas. Tem gente que pede R$ 50”, explicou o diretor. Brenner também disse que a taxa de inadimplência da empresa está em 10%.
Para o Banco do Brasil, instituição de mais de 200 anos de existência, é um desafio adequar o processo de autorização de crédito pelo aplicativo. Apesar de usar diversas variáveis, aquelas tradicionais, que autorizam o crédito, ainda são as mais usadas e valorizadas dentro da instituição financeira. De acordo com Alysson Rodrigues, analista de estratégia e experiência digital do BB, para chegar no equilíbrio entre risco e a possibilidade de negócio, o Banco do Brasil está desenvolvendo novas variáveis que vão considerar dados de navegação, dados externos integrados ao sistema do banco e outros gatilhos dentro dos canais do BB. Tudo com a devida autorização do usuário. “A ideia é que a gente trace o perfil digital do cliente para que ter um nível de análise e respeite tanto a sua necessidade como a sua limitação. Queremos avançar na captura dos dados e ter uma ideia mais robusta sobre o potencial do cliente. Queremos fazer uma coleta de dados de todas as formas possíveis – transacionais e de histórico financeiro, mas também de navegação”, resumiu.
Inclusão financeira com ajuda de algoritmos
Com o Mercado Crédito, braço de empréstimo do Mercado Pago, não é diferente, e seu modelo de crédito foi todo construído em inteligência artificial, alimentada por informações do comportamento do usuário na plataforma. Como explica Pedro de Paula, diretor do Mercado Crédito, a empresa se utiliza de dados comportamentais dos clientes. “Não tem como ser diferente. Para fazer a inclusão (financeira, de pedido de crédito) é preciso trabalhar com dados alternativos. Difícil trazer uma pessoa à margem do sistema financeiro receber crédito de um grande banco. O gerente vai pedir o balanço da empresa e essas pessoas são autônomas, microempresas. Para o público com o qual a gente trabalha isso é difícil”.
Comportamento digital
No caso do RecargaPay, todo o negócio está montado no comportamento digital do usuário do aplicativo. “O celular é onisciente e onipresente. Ele está em todo o momento da vida das pessoas. Fazemos avaliação de crédito e risco a partir de dados coletados do smartphone do cliente, com todas as aprovações do usuário. Usamos algoritmos. Temos uma visão pragmática de olhar o dado pelo dado, mas também em transformar uma adequação de oferta de crédito no momento em que ele precisa”, conta Fábio Shibuya, vice-presidente de crédito do RecargaPay.
Machine learning para guiar
No caso do PayPal não é diferente. Com um mês no mercado, sua nova solução de crédito é flexível e não tem um “framework”, como disse Thiago Chueiri, diretor de desenvolvimento de negócios no Brasil da empresa de pagamentos. São os dados do celular que auxiliam o PayPal. “Quando se tem muitos dados para se analisar, o machine learning é importante para que o excesso de dados não atrapalhe na análise. O celular é infinitamente melhor do que outros canais para se conseguir balancear, diminuir fraudes e aumentar a conversão. É nele onde conseguimos casar as duas variáveis conversão e fraude”, resume Chueiri.
Live
A próxima live do Mobile Time será sobre a digitalização de documentos e de processos durante a pandemia. O debate acontecerá na próxima quinta-feira, 2, e contará com as participações de Abílio Branco, gerente de vendas para proteção de dados e criptografia no Brasil da Thales; Gustavo Brant, vice-presidente de vendas para a América Latina do DocuSign; Leonardo Gonçalves, diretor de relações institucionais da Certisign; Marcelo Buz, ex-presidente do ITI; e Marcio Nunes, CTIO da Valid e presidente do conselho da Conselho da Associação Nacional de Certificação Digital (ANCD).
Para compra de ingressos ou mais informações, acesse a página do evento no Sympla ou entre em contato com a equipe de eventos do Mobile Time: [email protected] / 11-96619-5888 / 11-3138-4619 (WhatsApp).