Previsões dão conta que os wearable devices (dispositivos vestíveis) vão ser a próxima grande onda no mercado móvel. Isso pode até virar uma realidade, mas ainda não estamos lá. Um exemplo é o produto da Sony Mobile, o SmartBand. No Brasil, ele é oferecido junto com o smartphone Xperia Z2, que possui o aplicativo Lifelog, desenvolvido pela própria empresa japonesa e que funciona como uma espécie de gestor de vida, reunindo dados do comportamento do usuário, como passos dados durante o dia, horas de sono, tempo em que usou o aparelho para navegar etc.

Em teoria, o SmartBand seria um wearable realmente útil, desde que você esteja disposto a realmente monitorar sua própria vida e acabar  descobrindo que passa tempo demais jogando Flappy Bird. Na prática, é uma pulseira que oferece pouca coisa que o smartphone em si já não poderia oferecer. As principais funções dele são de marcar passos e de vibrar no pulso do usuário para chamar atenção para notificações. Ele tem ainda um recurso que permite vibrar se o aparelho estiver distante da pessoa, o que pode ser útil para quem costuma esquecer onde deixou o dispositivo.

Por partes: a função de marca passos funcionou de forma diferente do processador de movimentos do iPhone 5S, o M7. Difícil saber qual  dos dois foi o que registrou os dados com maior precisão, mas, considerando a margem de erro, percebe-se que são próximos o bastante para o que se propõem. Ou seja: é uma função que poderia estar no próprio smartphone, e não dependente de uma pulseira.

Isso seria facilmente justificável se a SmartBand possuísse outras funções, como a possibilidade de atender chamadas, visualizar mensagens e mesmo como player de música. Não é o caso. Como é uma pulseira inteligente, não há visor (fosse assim, seria chamado de smart watch?), e não existe qualquer elemento de interação no próprio dispositivo. É difícil entender o que há de inteligente na SmartBand.

Outro problema: o aplicativo Lifelog coleta maior parte dos dados do próprio smartphone. O Z2 registra o tempo gasto pelo usuário para navegar, jogar, ouvir música, assistir a vídeos e outras funções. A conexão com o SmartBand está somente na contagem de passos. O nível de calorias e mesmo as horas de sono precisam ser informados manualmente pelo usuário – se você ligou o modo noturno no Xperia Z2 ao se deitar, mas acabou se distraindo com o Netflix e demorando a pegar no sono, a pulseira não vai interferir em nada e o app continuará computando o tempo como se você estivesse dormindo. Ela bem que poderia identificar que, apesar de estar na horizontal, você ainda está movimentando o braço mais do que uma pessoa faria quando dormindo.

É mais difícil ainda justificar a compra do SmartBand sem o smartphone da Sony.  Ele é vendido em outros países por cerca de R$ 70, sem considerar impostos de importação.

A pulseira da companhia japonesa é uma aposta na tendência de wearable devices, mas o propósito de registro de atividades físicas é limitado. Ela tem ideias boas: é à prova d'água (e de suor), funciona independente do smartphone estar por perto e pode ser recarregado via USB comum. Mas isso não é suficientemente relevante para se carregar no pulso mais um dispositivo redundante.

 

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