[Publicada no Teletime] A Digital Colony, empresa de investimentos de private equity com foco em telecomunicações, tem planos ambiciosos para o Brasil por meio de sua controlada, a Highline, que disputa ativos da Oi. A companhia norte-americana, que gerencia pelo mundo mais de US$ 20 bilhões em ativos e conta com mais US$ 4 bilhões no fundo dedicado, deixou claro de que não são aventureiros no mercado e têm cacife para bancar ofertas. “Nosso bolso está cheio”, afirmou a principal da companhia norte-americana, Geneviève Maltais-Boisvert, em entrevista exclusiva ao Teletime.
Por estar ainda em fase de negociações, a executiva não pode falar diretamente sobre a Oi, portanto, não foi possível confirmar se a Highline continua no páreo pela unidade móvel. Mas Maltais-Boisvert visualiza um cenário propício para comprar no País. Embora o crescimento orgânico – construindo rede própria, por exemplo – é uma possibilidade.
Um exemplo do poder financeiro da Digital Colony foi a compra por US$ 14,3 bilhões da Zayo em maio, uma companhia de infraestrutura de missão crítica no Colorado, Estados Unidos. Curiosamente, essa empresa possui mais de 480 mil km de fibra ótica, similar ao que a Oi possui na InfraCo. “Se olhar essas transações, [é sinal de que] estamos comprometidos com o negócio. E se enxergamos a oportunidade, não tem problema, temos o bolso cheio.”
“É importante enfatizar que um dos benefícios em ter a Digital Colony é que ela não é como investidores tradicionais, que dão o dinheiro e apenas pedem resultados e performance a cada trimestre. A Digital Colony é dedicada às TICs, e toda a experiência de Geneviève e o restante do time tem sido de muita ajuda para entender o que faz sentido no País, em um ambiente de competição que temos no Brasil”, complementa o diretor de estratégia e novos negócios da Highline Brasil, Luis Minoru.
Vale lembrar que a Highline tem a proposta preferencial (status de “stalking horse”) para a área de torres da Oi. A empresa tem ainda grande interesse na área de infraestrutura, na qual enfrenta concorrência com outros pesos pesados, como fundos, cujos ativos são gerenciados pelo BTG Pactual e pelo menos mais nove propostas. Com a proposta do consórcio da Claro, TIM e Vivo confirmada como stalking horse, não está claro se a Oi Móvel ainda é uma possibilidade concreta para e empresa.
Momento certo
O momento também pareceu ser correto para a investidora norte-americana. Geneviève Maltais-Boisvert explica que a empresa entende que a crise do novo coronavírus traz impacto no mercado brasileiro, e que o câmbio ainda é muito volátil. “Achamos que é o momento certo para investir. É algo que está sendo um fator, mas vemos como apenas um momento”, considera.
Segundo a executiva – que tem dedicado o último ano no mercado brasileiro de seu escritório na Flórida –, a Digital Colony já observava o País há algum tempo. Ela enxergou no mercado nacional o potencial de consumo de serviços de telecomunicações, como dados, Internet fixa e aumento da penetração do celular. “Já víamos essas tendências antes da Covid-19”, afirma. Por outro lado, ela entende que houve uma aceleração dessa oportunidade. “Claro que a Covid não é algo positivo, mas no Brasil e globalmente tem sido uma tremenda oportunidade de transação, com tudo indo para o online.”
Histórico
A Digital Colony foi fundada em 2017. Dois anos depois, a empresa fechou o seu primeiro fundo, de mais de US$ 4 bilhões. Apesar de ser relativamente nova, a companhia afirma ter mais de 25 anos de experiência em infraestrutura. Ela atua em quatro subsetores do ecossistema digital, com ativos de torres, fibra, data centers e small cells.
Segundo Maltais-Boisvert, a atuação da DC está baseada em quatro pilares:
- Time de gestão mais forte;
- Experiência operacional;
- Força e qualidade dos ativos;
- E possibilidade de crescer no mercado de forma orgânica ou por meio de fusões e aquisições (M&A).
A Digital Colony traz a seguinte lista de ativos:
15 | Companhias no portfólio |
95 | Data Centers no mundo, incluindo o portfólio atual da Digital Bridge e Digital Colony |
350 mil | Torres móveis e small cells |
10 | investimentos feitos pela Digital Colony, LP Fund, incluindo a transação da Zayo |
US$ 4,1 bi | Levantados pela Digital Colony pelo fundo inaugural, Digital Colony Partners |
US$ 50 bi | Valor da Colony Capital após a aquisição da Digital Bridge em 31 de março |
217 mil km | De fibras no portfólio |
35 mil | Nós de small cells |
70 | Profissionais de investimento e de operação na Digital Bridge e Digital Colony |
5,8 mil | Profissionais por todo o portfólio de companhias. |