| Publicada no Teletime | A Highline tem um comprometimento de longo prazo no Brasil com um modelo de negócios com propósito de auxiliar grandes e pequenos clientes, além de novos entrantes em telecomunicações e TICs. Com a poderosa força financeira da Digital Colony por trás, a empresa de infraestrutura – que está disputando ativos da Oi, mas não pode comentar as negociações – mira nas oportunidades de um mercado em transformação, com a rede neutra como carro-chefe.
“Estamos olhando a oportunidade de prover e democratizar os serviços digitais no Brasil”, declara o diretor de estratégia e novos negócios da Highline Brasil, Luis Minoru, em entrevista exclusiva ao Teletime. “Acreditamos muito na criação e implantação de rede neutra. Depois que falamos disso, agora o termo virou moda, é uma tendência. É a forma mais inteligente de fazer um investimento que pode apoiar todo o ecossistema.”
O diretor encara a entrada da Highline no mercado de telecom como uma “oportunidade para acelerar a digitalização” para chegar em locais onde há pouca oferta de infraestrutura. “A gente ter uma rede neutra permite uma infraestrutura compartilhada com melhor qualidade, e tendo isso como core business, mesmo as grandes operadoras podem usá-la. Será bom para a sociedade e para a competição.”
Conforme explica Minoru, o tamanho do investimento necessário para criar, implantar e atualizar as redes em regiões remotas, combinado a um ambiente “mais positivo em termos regulatórios”, mostraram que a companhia poderia atender a essa demanda. E o argumento é que se trata de investimento novo entrando no País, por meio da Digital Colony.
“Estamos vendo um prospecto muito bom. As operadoras estão querendo terceirizar a rede como serviço. E isso acontece para além do Brasil, com torres e infraestrutura metálica. Agora são os clientes pedindo a Highline acima e abaixo na cadeia de valor”, complementa a Principal da Digital Colony, Geneviève Maltais-Boisvert.
Competição
Não só o termo virou moda no mercado brasileiro, mas a rede neutra é também uma estratégia real de grandes operadoras como Oi, Vivo e TIM, além de estar sendo desenvolvida por outras empresas entrantes, como a American Tower (concorrente da Highline no segmento de torres) e de operadoras regionais como a Aloo.
Na avaliação de Luis Minoru, o diferencial da Highline seria não ter ligação com essas incumbents, o que promoveria maior neutralidade, segundo ele. “Não temos conflito de interesse porque não estamos competindo pelo cliente final. É difícil falar que é neutro quando se está sendo organizado pela companhia, e é diferente da rede utilizada por ela mesma.”
Em alguns casos, se por algum motivo a companhia adquirir um ativo que tenha como operação a prestação de serviço ao cliente final, há a possibilidade de acordos com um parceiro ou uma companhia combinada com esse fim, diz. Seria o caso se a companhia comprasse a Oi Móvel, por exemplo.
Por outro lado, também não há questão de haver margem reduzida por prover conectividade justamente quando isso passa a ser considerado quase um commoditie. “Uma das razões pela qual a margem de operadoras é pequena [nessa área] é que, justamente, cada um está colocando a própria rede. A rede neutra vai resolver parte do problema, com infraestrutura que pode ser compartilhada entre mais de uma tele”, coloca. “É a evolução da competição que permite que a gente ofereça o novo modelo de negócios útil e com saúde”.
Estratégia
Os primeiros lugares onde a Highline quer chegar são as cerca de 4,4 mil cidades com menos de 30 mil habitantes. A ideia é chegar com rede de backbone e backhaul, e de lá as operadoras colocarem a última milha conforme a necessidade, seja fibra ou móvel. “Podem ser pequenos players locais ou mesmo novos entrantes, como um varejista, bancos e fintechs que queiram dar conectividade como combo”, vislumbra Minoru.
Nas conversas com a Anatel e com o governo, a companhia enxergou um ambiente regulatório positivo. “Vemos a preocupação real para ajudar a democratizar os serviços digitais, e alguém vai ter que fazer esses investimentos. Sabemos como é desafiador fazer isso”, destaca Minoru.
No caso específico do leilão de 5G, a Highline tem interesse e vê isso como uma evolução natural do negócio de infraestrutura. Assim, espera que a Anatel promova as mudanças para permitir o modelo de negócios no atacado. “A regulação mostra esse é o caminho para a modernização, e isso também é uma grande oportunidade no Brasil.”
O diretor enfatiza que a Highline está há mais de oito anos com operação no Brasil, e trabalha com as maiores operadoras. Portanto, não se trata de uma “aventureira” neste mercado. “Entendemos a agenda local, temos conhecimento de como são as coisas.”