As operadoras celulares estão acostumadas a combater fraudes que envolvem linhas telefônicas usadas por pessoas, mas ainda ignoram os riscos de fraudes em um segmento novo, o de comunicação entre máquinas, ou M2M, na sigla em inglês. A preocupação é grande em razão das estimativas de forte crescimento dessa área: dentro de poucos anos haverá mais máquinas conectadas às redes celulares do que pessoas. "Algumas equipes de garantia de receita das teles nem sabem que suas empresas já vendem linhas para máquinas no Brasil. Quem não se preparar terá um grande problema", alertou o vice-presidente de marketing da WeDo, Sérgio Silvestre, durante o evento "Revenue Management and Fraud Prevention – latin America", realizado nesta terça-feira, no Rio de Janeiro.
Os primeiros casos de fraude no mercado M2M começam a aparecer ao redor do mundo. Na África do Sul, por exemplo, SIMcards instalados em semáforos de trânsito foram retirados por delinqüentes e começaram a ser usados para chamadas internacionais, pois não estavam bloqueados a este uso. Em Portugal, uma empresa de energia que usava a rede celular para telemetria de dados de consumo aproveitou por alguns dias os SIMCards em telefones comuns para se comunicar com empregados que estavam em uma viagem na Suécia. Neste caso, a distribuidora de energia tinha um contrato que previa o pagamento de uma tarifa fixa mensal para a operadora celular. A previsão original era de um tráfego médio de apenas uma mensagem de texto por hora por linha, mas o contrato não impedia que esse limite fosse extrapolado. O gasto extra com as mensagens para a Suécia foi arcado pela tele. Os exemplos foram apresentados por Silvestre em sua palestra no evento.
Em suma, o principal problema atualmente é o uso indevido dos SIMcards das máquinas para fins não previstos. A solução é melhorar os processos de controle desses chips e determinar limites nos contratos assinados. Como em sua maioria são contratos de consumo pequeno e baixa margem, e que, portanto, dão pouco lucro para as teles, o executivo da WeDo sugere a adoção de sistemas de autoatendimento via web. Ou seja: a empresa que tiver contratado linhas para M2M e quiser mudar seu limite de tráfego poderia fazê-lo rapidamente em um portal da operadora na Internet, alterando instantaneamente o valor da mensalidade paga por linha, a partir de uma tabela pré-definida.
Há outros riscos relacionados a M2M, como vazamento de dados privados e congestão de rede. O executivo da WeDo recomenda que as teles brasileiras cooperem nesse segmento e montem equipes dedicadas ao mercado de comunicação entre máquinas, como fazem algumas operadoras na Europa.