O diretor de D2C da Electrolux para a América Latina, Gabriel Gomes, afirmou que apesar do otimismo com o aumento das vendas na Black Friday de 2023 comparado ao ano anterior, o varejo ainda vê com certo receio a dinâmica do mercado para gastos com publicidade digital na data. Embora afirme que o investimento depende do orçamento e da categoria de cada empresa, Gomes acredita que a temporada de obter resultados “a qualquer custo” acabou. Contudo, o executivo prevê que haverá ofertas agressivas no evento que acontece no próximo mês.

“Ano passado teve a Copa do Mundo, eleições, frete alto devido à crise global. Em 2023, toda essa narrativa vem diminuindo. Mas o varejo tem puxado uma bandeira de rentabilização”, afirmou o diretor da empresa de eletrodomésticos, durante painel sobre a Black Friday realizado no Google Brasil nesta quarta-feira, 25.

Durante a divulgação de resultados financeiros na última terça-feira, 24, a CFO do Google, Ruth Parot, afirmou que o período de volatilidade no mercado de publicidade passou, ao apresentar uma receita em serviços de US$ 68 bilhões ancorada no marketing de busca e YouTube. Mas a realidade da publicidade digital no Brasil é diferente, em impactos ligados ao estoque e problemas locais.

“Vai depender da estratégia de cada um. Mas o varejista vai puxar para o seu lado, a indústria vai puxar para o lado dela. E com taxa de juros alta, ambos precisarão fazer caixa”, completou, ao lembrar que a dinâmica de vendas e estoque deste ano pode ser afetada pela crise climática em Manaus, com uma redução da oferta de dispositivos eletroeletrônicos.

Para Julia Chagas, diretora de marketing e experiência do aluno da Alura, as altas taxas de inflação também influenciam no orçamento de vídeo e publicidade digital. Vale dizer que mesmo com o avanço em inteligência artificial ao aumentar de 12 para 30 a oferta de cursos e ter criado uma base com 140 mil usuários que participaram do curso grátis Imersão Dev sobre IA em julho, a executiva acredita que a Black Friday deste ano será flat, ante as ofertas de 2022. Porém, Chagas credita esse movimento ao comportamento do consumidor de educação que é mais conservador na compra de cursos e para a disputa da atenção do dinheiro do cliente com outras categorias que chamam mais a atenção na Black Friday.

Preparativos

Por sua vez, para Carolina Armstrong, coordenadora de performance da Zee.Dog, a expectativa é de um crescimento de 4% nas vendas na Black Friday. Para isso, a companhia preparou o seu arcabouço tecnológico entre o segundo e o terceiro trimestre de 2023: “Tecnologia foi um dos pilares que mais demos atenção. Fizemos melhoria no checkout, a gente se preocupou com UX e UI do nosso site, tanto no mobile e web. Focamos em melhorar a experiência e ser responsiva, uma vez que o nosso acesso é 60% mobile”, disse.

Fabio Angelis, head de business, media performance e CRM da FISIA (distribuidora oficial da Nike no Brasil), afirmou que a estratégia da Black Friday 2023 começou um ano antes. Em especial, ao perceber que o evento comercial é diluído em 60 dias e alcança também os clientes que desejam comprar produtos no natal.

“Temos essa jornada estendida. O natal continuou muito forte no pós-Black Friday em 2022. O sucesso não é só financeiro. Essa sessão de 60 dias é importante para o cliente. Do nosso lado, queremos mostrar primeiro o que tem de oportunidade”, disse Angelis. “No pré-Black Friday captamos leads e pessoas que têm interesse na marca. Esse ano isso cresceu. O aumento da base é o sucesso que buscamos”, completou.

Pix e meios de pagamentos

O head da FISIA afirmou ainda que uma das vantagens na Black Friday é o avanço do Pix. Na visão do executivo, o meio de pagamento instantâneo ganhou relevância na jornada do brasileiro, uma vez que:

  • Tem uma taxa de aprovação maior;
  • As compras acontecem mais via mobile;
  • Ao copiar e colar chave pix, a facilidade e agilidade de pagar é maior.

Sobre a possibilidade de o Pix ter ticket médio mais baixo, devido aos receios do consumidor na instantaneidade, o executivo da distribuidora da Nike afirmou que o valor não é barreira no Pix, mas a escolha do consumidor. Por isso, a companhia enfatiza que deixa todas as opções de pagamentos disponíveis ao usuário.

Gomes, da Electrolux, ressaltou que as vendas por Pix são “relevantes para grandes eventos”. Entre as vantagens para o varejo usar esse meio de pagamento na Black Friday está o fato que gira o estoque de maneira mais saudável (a peça não fica presa a um boleto que pode ser pago ou não), ganha terreno em relação ao boleto e não pega espaço do cartão de crédito. Também melhora o índice de aprovação em outras modalidades de débito, como TED e DOC.

Na estratégia de pagamentos para a Black Friday, Chagas afirmou que dará linha de crédito via NuPay para assinaturas da Alura, de modo que os clientes do banco não precisarão usar a franquia do cartão de crédito para pagar o serviço de educação online. Na Electrolux, o diretor de D2C afirmou que tem parceria com a carteira digital do Google, conversa com o Nubank para entrar no NuPay e entrará na jornada de outros bancos.  Armstrong, da Zee.Dog, considera a oferta de descontos cumulativos (quanto mais compra, mais desconto). E Angelis, da FISA/Nike, afirmou que dará descontos à vista, mas dependerá do momento da jornada do consumidor.

Imagem principal: da esq. para direita – Gabriel Gomes, Electrolux; Rafael Angelis, FISA/Nike; Julia Chagas, Alura; Camila Armstrong, Zee.Dog

 

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