O CEO da Ericsson, Börje Ekholm, passou um recado para governantes do mundo inteiro sobre a forma como deveriam tratar a indústria móvel: “Governos precisam começar a olhar a infraestrutura móvel como um recurso nacional e não apenas como uma fonte de impostos. E há boas razões para isso. A infraestrutura de telecom é crítica para um país e também para o seu ecossistema de inovação. Lembrem da inovação em streaming e e-commerce que vivemos nos últimos anos: ela foi construída sobre uma forte base de redes móveis”, disse o executivo durante coletiva na abertura do Mobile World Congress em Barcelona, nesta segunda-feira, 26.
O CEO da Ericsson abordou também o delicado tema da neutralidade de rede. Ele defende que não haja discriminação por conteúdo, mas por aplicação, porque algumas destas precisam ser priorizadas. “O princípio da neutralidade de rede é não discriminar a performance pelo conteúdo. Nós também acreditamos nisso. Mas há aplicações de missão crítica, como cirurgia remota, que precisam ter alguma prioridade. Portanto, precisamos de regime regulatório que permita à operadora criar serviços diferenciados baseados na experiência do usuário”, explicou. Ele lembrou também da importância de as agências reguladoras procurarem harmonizar as frequências para 5G ao redor do mundo.
Para as teles, o recado foi outro: quem for pioneiro na implementação de 5G levará vantagem comercial sobre seus concorrentes. Para comprovar isso, o CEO da Ericsson citou o exemplo do que aconteceu no 4G. Levantamento feito pela fabricante sueca mostra que as 30 operadoras que foram pioneiras na implementação de redes 4G em 2012 no mundo cresceram juntas, em média, 10% ao ano em faturamento durante os cinco anos seguintes, enquanto a média do resto do mercado foi de uma queda de 0,8% ao ano. E 70% das teles pioneiras em 4G ganharam market share nesse período. Outro argumento usado pelo executivo para fomentar a transição para o 5G é que o custo por Gigabyte será um décimo daquele das redes 4G originais.
Ekholm disse que o 5G deixou de ser um “buzz” para virar agora uma realidade comercial. Ele acredita que na América do Norte as primeiras aplicações de 5G serão voltadas para acesso fixo sem fio à Internet com altíssimas velocidades, a partir do uso de ondas milimétricas, enquanto na China o 5G será direcionado inicialmente para aplicações industriais, que exigem baixa latência. Com a previsão de que as fábricas do futuro tenham uma grande quantidade de sensores, com média de mais de um por metro cúbico, o Wi-Fi não será uma opção viável em razão da interferência, o que abre oportunidade para o 5G e o uso de espectro licenciado.