“A Huawei não tem backdoor, nunca teremos e nunca deixamos ninguém fazer isso com nosso equipamento. Levamos essa responsabilidade muito a sério.” Em sua palestra no MWC19, nesta terça-feira, 26, em Barcelona, o chairman rotativo da Huawei, Guo Ping, endereçou de forma direta as acusações do governo dos Estados Unidos contra a empresa, culminando em uma espécie de guerra fria tecnológica entre o país norte-americano e a China. Mas o executivo não se limitou a se defender de forma passiva. “A acusação dos EUA sobre nosso 5G não tem nenhuma evidência, nada. A ironia é que o Cloud Act dos EUA permite que as entidades [do governo norte-americano] acessem dados transfronteiriços”, rebateu.
O executivo da gigante chinesa carregou o discurso com alfinetadas ao governo de Donald Trump, fazendo inclusive um trocadilho com a frase “espelho, espelho meu” e o sistema de espionagem de redes de telecom da agência de segurança dos EUA (a NSA): “PRISM, PRISM on the wall, who is the most trustyworthy of them all?”.
Além disso, também citou uma recente postagem no Twitter de Trump, no qual o presidente pedia por uma rede 5G melhor. Ping exibiu testes comparativos das redes de quinta-geração usando equipamentos Huawei com a “chamada rede 5G dos EUA” – segundo esses testes, a velocidade da chinesa seria 20 vezes mais rápida, sendo que, em redes comerciais, esse multiplicador seria de 10 vezes. E ironizou novamente: “Eu entendo o porquê de o presidente Trump dizer na semana passada que os EUA precisam de uma rede forte e rápida de 5G”.
Ping levantou a questão de que a infraestrutura de redes é de responsabilidade de todos os players envolvidos, mas com um papel claro para as teles. “Operadoras são responsáveis por segurança de rede, e as redes 5G são privadas. Os limites entre as redes são claros, e as teles podem se prevenir com firewalls e gateways. As operadoras podem gerenciar, monitorar e auditar os fornecedores e parceiros para garantirem que os elementos de rede sejam seguros”, defendeu-se. “Como provedores de tecnologia, nossa responsabilidade é atender a padrões e construir equipamentos seguros. Não operamos rede de operadora e não detemos nenhum dado. Nossa responsabilidade, o que prometemos, é que não fazemos nada de mau. Não fazemos coisas ruins”.
O executivo da Huawei sugere que a iniciativa da associação global de operadoras móveis GSMA com o 3GPP e a União Internacional de Telecomunicações (UIT), a Network Equipment Security Assurance Scheme (NESAS), seja estendida para outros países para atuar com a padronização de segurança nas redes móveis. “Todos precisamos trabalhar juntos com padrões: é nossa responsabilidade”, defendeu. Assim, a NESAS atuaria para auditar os mecanismos, processos e equipamentos nas redes para atestar a segurança da infraestrutura.