A Telefónica confirmou que trará os testes de rede aberta com edge computing (computação na borda, na tradução livre para o português) para a rede da Vivo no Brasil. De acordo com David del Val, CEO da Telefónica I+D, os testes chegam ao País em 2020. O uso da tecnologia de computação da borda em solo brasileiro foi adiantada por Teletime na última segunda-feira, 26.
A ideia da operadora é abrir espaço para que desenvolvedores de chipsets, antenas de rádio, stack de software, whiteboxes (caixas com serviços integrados na nuvem para ficar na casa dos clientes), grupos de padronização, provedores de serviços e de suporte colaborem para criar aplicações e serviços para a plataforma.
“Estamos testando edge computing na Espanha desde 2018 e devemos levar os testes para o Brasil em 2020. Estamos integrando a infraestrutura de edge computing com o conceito de rede de acesso aberto. Para o cliente final, isso significa uma Internet mais rápida”, afirmou del Val, em coletiva com jornalistas nesta terça-feira, 26, em Barcelona, Espanha.
Companhias como Intel, Nokia, Mavenir, NEC, Amdocs, ARM, Fujitsu e Ciena já colaboram, além de grupos de padronização e de código aberto 3GPP, RAN Alliance e o Telecom Infra Project. A proposta da Telefónica é que o modelo de rede aberta seja convergente entre as redes fixas e móveis, com habilidade de edge computing.
“Abrimos a arquitetura para sermos capazes de entender a possibilidade de eficiência, diferenciação e novos negócios. Podemos buscar rendimento, qualidade e eficiência. Em novos negócios, podemos colocar aplicações inovadores e melhorar a eficiência da rede com redução de latência”, disse Juan Carlos Garcia, vice-presidente sênior de tecnologia e arquitetura da companhia espanhola.
Na Espanha, a expectativa é que a rede com edge computing ganhe lançamento comercial em 2020.
Modelos e demos
Durante a apresentação do conceito, a operadora demonstrou dois exemplos de sua rede aberta com edge computing por meio de rádio (5G), acesso à banda fixa, além de aplicações de cliente. Baseada em desagregação de hardware e software de rede, essa rede atua de forma virtual e aberta para leva soluções da nuvem para o núcleo da Telefónica (Unica) via nódulo de rede (4G, 5G ou banda fixa) para os dispositivos móveis e residências. Importante frisar que na casa do cliente, a rede terá acesso via Wi-Fi 6, que consegue até 10 Gbps de velocidade.
“É preciso pensar que edge computing é uma cloud de altíssima velocidade. Nós vamos ver o nascimento do edge computing este ano”, disse del Val. “Parte das aplicações roda no equipamento (on premisses) e parte na cloud. É o melhor dos dois mundos. Isto serve para melhorar a performance da computação, ter novos serviços de telcos e para trazer novas maneiras de fazer cloud”.
Entre os serviços que podem ficar na nuvem, a Telefónica está trabalhando com a NetApp para desenvolver armazenamento que permite envio massivo de dados, streaming de jogos para qualquer tela e deep cache de CDN para distribuir vídeos de serviços de streaming e sob demanda de alta qualidade em grande escala. Uma vez na computação de borda e com uma conexão de ultra velocidade, esses serviços terão baixa latência com respostas abaixo de 10 m/s.
“Temos casos com um sistema de reconhecimento facial com a Altran, que autoriza o acesso imediatamente para aprovar troca de dados pela GDPR. Também temos produção remota de TV com a RTVE e a idronia que substitui o caminhão de transmissão por uma solução na rede. Também estamos com casos de longo prazo de carros autônomos com Seat, realidade aumentada e realidade virtual com YBR e VRE. E podemos operar e construir equipamentos de Internet das Coisas mais baratos por rodar em storage”, explicou o CEO, sobre os serviços em desenvolvimento.
“Nada que apresentamos ainda tem modelo comercial. Mas em TV, por exemplo, isso dá possibilidade de fazer muito mais eventos. Você não precisa levar um caminhão para fazer uma transmissão”, completou.