O aplicativo brasileiro Desrotulando (Android, iOS), que oferece informações nutricionais sobre 22 mil produtos alimentícios vendidos no Brasil, fechou parceria com a Syntonic para que sua versão premium possa ser paga diretamente na conta telefônica das operadoras, por meio de carrier billing.

“Hoje atuamos no B2C através das lojas de aplicativos, o que nos deixa dependentes de cartão de crédito. Mas notamos que há demanda de muita gente que não é bancarizada e não tem cartão de crédito. A parceira com a Syntonic atende a esse público, composto principalmente de pessoas com linhas pré-pagas e que pagarão pelo Desrotulando através da operadora. É uma forma de ampliação da nossa base, atingindo um mercado que hoje não atendemos”, explica Gustavo Grehs, co-fundador do Desrotulando, em conversa com Mobile Time.

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Gustavo e Carolina Grehs, casal fundador do Desrotulando

O Desrotulando dá uma nota nutricional em uma escala de 0 a 100 para cada produto cadastrado, com base na qualidade dos ingredientes presentes em seu rótulo. Inspirado no Guia Alimentar da População Brasileira, publicado pelo Ministério da Saúde em 2014 e que hoje é uma referência mundial em nutrição, o cálculo leva em conta diversos fatores. Pesam contra, por exemplo, o excesso de açúcar, de sódio e de gordura trans, assim como o quão processado é o alimento. Por outro lado, a presença de fibras, o baixo nível de processamento e o fato de ser orgânico são computados favoravelmente. Para acessar a nota de um alimento basta digitar seu nome ou escanear o código de barras.

“Percebemos que o consumidor está cada vez mais exigente e buscando alimentos de verdade, com ingredientes que ele reconheça, presentes na sua cozinha. Mas as pessoas não têm tempo de ler e interpretar rótulos”, comenta.

A indústria alimentícia já entendeu que o Desrotulando não é um inimigo, pelo contrário, pode ajudá-la a melhorar. Alguns fabricantes informam o Desrotulando diretamente sobre alterações na composição de seus ingredientes, para melhorarem suas notas. O executivo cita o caso da Nestlé, que alterou o processo de produção e distribuição de leite em caixinha para reduzir o uso de estabilizantes, o que fez subir sua nota dentro do app.

“A gente não mede a marca, mas o valor nutricional. Nem todo enlatado é ruim, nem toda barrinha de cereais é ruim. E a gente prova isso. Dentro de um mesmo fabricante ou categoria há opções melhores e piores”, relata.

Modelo de negócios

O Desrotulando acumula 1,4 milhão de downloads. Entre 20% e 25% de sua base acessa o app pelo menos uma vez por mês. A leitura das informações nutricionais de um produto é gratuita no Desrotulando, a partir da pesquisa pelo seu nome ou código de barras. Mas se o usuário quiser uma busca mais refinada, com filtros como “mais proteínas”, “menos carboidratos”, “menos gorduras saturadas”, “menos aditivos” etc, aí precisa assinar a versão premium, que custa R$ 9,90 por mês ou R$ 82,90 por ano com cartão de crédito nas lojas de aplicativos.

A versão premium também permite realizar buscas de produtos que não tenham determinados ingredientes, como adoçantes artificiais, corantes, glúten, soja, leite, frutos do mar etc, o que é valioso para pessoas com determinadas doenças crônicas ou alergias, por exemplo. Outra funcionalidade consiste em ativar um “perfil” de acordo com seu objetivo, como emagrecimento, controle de diabetes, controle de hipertensão etc.

Próximos passos

A próxima novidade do Desrotulando será a possibilidade de os próprios usuários cadastrarem novos alimentos pelo app. Até então era preciso enviar uma foto do rótulo para a empresa. Com a novidade, haverá um pequeno formulário para o consumidor preencher, com as informações do rótulo do produto. Ainda haverá uma verificação por parte da equipe do Desrotulando antes de disponibilizar as informações para toda a base. Grehs chegou a avaliar o uso de uma solução de OCR, para leitura automática de rótulos, mas os resultados não foram satisfatórios, pois dependendo do formato da embalagem costuma dar erro.

Paralelamente, a startup estuda parcerias para incluir no app informações sobre preços e sites ou locais próximos onde os produtos estão disponíveis para a venda, o que pode constituir uma nova fonte de receita com a geração de leads. Também está em estudo a possibilidade de escanear a nota fiscal de compras de supermercado, por meio do seu QR code, para avaliar a qualidade do que está sendo adquirido. “Se concretizado, teremos um big data de consumo de alimentos”, comenta. Por trás das duas ideias está a meta de aumentar a recorrência de uso do Desrotulando.

 

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