| Publicada no Teletime | Um dia após a Anatel aprovar o edital do leilão de 5G e também a destinação do 6 GHz para uso não licenciado (como o Wi-Fi 6E) no Brasil, o conselheiro e vice-presidente da agência, Emmanoel Campelo, minimizou o receio da indústria móvel de que falte espectro para aplicações de quinta geração no futuro.
Durante debate virtual com presença da GSMA (a associação global das operadoras) realizado nesta sexta-feira, 26, Campelo lembrou que o Brasil deve realizar “a maior licitação de espectro já realizada no mundo” com o leilão 5G.
Dessa forma, a metade da capacidade de 1.200 MHz em 6 GHz que a indústria móvel gostaria de reservar para serviços de quinta geração não seria necessária no País. Até porque o Brasil teria outras opções de banda média para leiloar em futuros certames, segundo o conselheiro.
4,9 GHz
Entre elas, o 4,9 GHz (4,8-4,99 GHz), que pode entrar em consulta pública após deliberação da agência. A Anatel, inclusive, já sinalizou a revogação de normativos anteriores referentes ao espectro, incomodando atuais incumbentes da frequência, como as Forças Armadas.
Já no caso dos 6 GHz, Campelo avalia que uma definição global sobre a destinação da faixa para 5G poderia demorar até a WRC de 2023 ou mesmo a edição de 2027 da conferência mundial de espectro. Assim, a opção por privilegiar o Wi-Fi seria mais segura, uma vez que o ecossistema de produtos para a faixa já é uma realidade.
Receio
Por outro lado, para a diretora sênior de espectro futuro da GSMA, Luciana Camargos, a decisão da agência sobre o 6 GHz mostra que a Anatel não considerou o atendimento futuro da demanda 5G. “Se o Wi-Fi 6E tiver 1.200 MHz em 6 GHz significa que o 5G terá menos [espectro disponível], isso começa a virar um problema”, alegou ela, também durante evento promovido pelo portal Tele.Síntese.
Camargos reconheceu que o 4,9 GHz pode ser uma opção para lidar com a maior necessidade por capacidade da tecnologia, mas afirmou que a faixa dificilmente seria liberada em sua totalidade (190 MHz) para o 5G.
A executiva também citou a conhecida complexidade de liberar o restante da banda C (3,7-4,2 GHz), ocupada por uma série de incumbentes de serviços fixos. Outra faixa mencionada como opção futura foi o 4,5-4,8 GHz.
Meio termo
De forma geral, Campelo considerou inevitável que a decisão sobre 6 GHz e o próprio edital de 5G tivessem pontos considerados controversos para as empresas. “Tentamos, mas não conseguimos agradar a todos. Especialmente com as teles, mas a posição do regulador é essa mesma”, sinalizou o conselheiro – ele mesmo voto vencido na deliberação do Conselho Diretor da agência.
O vice-presidente da Anatel também rechaçou a ocorrência de interferência política sobre o desenho do certame na reguladora. “Em nenhum momento houve pressão”, apontou Campelo, negando razão para possíveis bloqueios na cadeia de fornecedores.