Discurso de Lula ao Brics nesta quarta-feira, 26, repete o pleito que vem sendo defendido pelo governo brasileiro nos fóruns internacionais desde o ano passado, de que os países devem evitar a concentração do domínio sobre a inteligência artificial nas mãos de uma minoria.

“Qualquer tentativa de desenvolvimento econômico hoje passa pela inteligência artificial. Não podemos permitir que a distribuição desigual dessa tecnologia deixe o Sul Global à margem”, afirmou Lula na abertura da primeira Reunião de Sherpas do grupo, em Brasília.

Os desafios geopolíticos que envolvem o desenvolvimento de sistemas de IA é um dos seis eixos principais de discussão propostos pela presidência brasileira aos países do Brics. Ao tratar das tecnologias digitais, o presidente também lançou críticas à disseminação de desinformação.

“Grandes corporações não têm o direito de silenciar e desestabilizar nações inteiras com desinformação. Mitigar os riscos e distribuir os benefícios da revolução digital é uma responsabilidade compartilhada”, disse o presidente.

O discurso de Lula acrescenta ainda que “o Brics precisa tomar para si a tarefa de recolocar o Estado no centro dos debates para a construção de uma governança justa e equitativa, sob o amparo das Nações Unidas” e que “o interesse público e a soberania digital devem prevalecer sobre a ganância corporativa”.

Por fim, afirmou que o Brasil vai propor uma “Declaração de Líderes sobre Governança da Inteligência Artificial para o Desenvolvimento”, observando os pontos em questão.

Brics com GT de TICs

Discurso de Lula ao Brics

Primeira Reunião de Sherpas da presidência brasileira do Brics, no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Crédito: Ricardo Stuckert/PR

Neste ano de 2025, a organização e a coordenação das reuniões dos grupos de trabalho são brasileiras. Estão previstos mais de 100 encontros ao longo do ano, em Brasília. A Cúpula dos Brics, principal evento por reunir os líderes dos países membros, está prevista para julho, no Rio de Janeiro.

Além do Brasil, o grupo é formado por Rússia, Índia, China e África do Sul, além de outros membros recentemente admitidos, como Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.

A articulação inclui diferentes grupos de trabalhos, entre eles, um GT de TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação). O Ministério das Comunicações iniciou discussões em janeiro, propondo a Conectividade Universal e Significativa entre os temas prioritários, com intenção de avaliar indicadores e promover melhorias.

As propostas do Brasil para o GT de TICs do Brics inclui ainda os temas Sustentabilidade Espacial; Sustentabilidade Ambiental e Ecossistema Digital. As metas relacionadas consistem em “produzir relatório para abordagens em órgãos responsáveis pelo registro da ocupação de órbitas satelitais; e mapear as estruturas nacionais de governança para o Ecossistema Digital”.

Imagem principal: Lula em reunião do Brics. Crédito: Ricardo Stuckert/PR

 

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