Uma pesquisa da McKinsey encomendada pelo Google revelou que a busca por uma melhor condição digital da população brasileira pode contribuir para um aumento de 0,4 ponto percentual ao PIB nacional, com adição de US$ 70 bilhões até 2025.
“A digitalização tem uma repercussão direta sobre a renda e as oportunidades de desenvolvimento social do Brasil”, diz Paula Castilho, sócia da McKinsey. “Mas ainda há diferenças na sociedade, seja por idade, gênero ou renda”.
O estudo foi feito com 2,4 mil pessoas com idades de 15 a 60 anos, das classes de A até D. São moradores de 12 estados, em 28 cidades a partir de 60 mil habitantes. No caso, 60% das entrevistas foram realizadas online e 40%, offline.

Chamado de Digital Skill Index, o documento divulgado pelo Google na terça-feira, 26, procura demonstrar como está a absorção de tecnologias digitais pelo consumidor brasileiro, com notas de 0 a 5 (mais alta) sobre a relação com o digital por meio de cinco categorias: acesso, segurança, uso, cultura e criação.

Por categoria

Em acesso, a pesquisa tentou entender conhecimentos dos consumidores com manuseio de equipamentos, uso do software de dispositivos e conhecimento de conexão com a web. A nota neste quesito foi 3,5. O brasileiro, em média, sabe desligar e ligar um aparelho e navegar na web, mas falta conhecimento de como usar o comando de voz ou configurar softwares.

Na categoria de segurança, o estudo tentou entender se os brasileiros conhecem como proteger os dados, se reconhecem operações inapropriadas ou ilegais na web, e se avaliam a confiabilidade de fontes e informações. Nesta caso, a nota foi 3,4, com destaque positivo para o cidadão comum ter entendido os cuidados com dados e informações. Contudo o brasileiro, em média, não sabe identificar o que é um malware e nem quais sites são seguros.

Por sua vez, a categoria Uso tentava compreender como é o consumo de conteúdos, a capacidade de buscar informações e como são realizadas transações online. Com nota 3,4, os brasileiros ouvidos pela pesquisa tiveram destaque por saber usar apps de mensagens e motores de busca, mas não usam com frequência armazenamento de dados em nuvem ou transações online.

Na categoria Cultura Digital, que buscava analisar o aprendizado contínuo, a busca por novas tecnologias e por atualizações de softwares e equipamentos, o brasileiro teve nota baixa, 3,0. De acordo com o estudo, o cidadão comum tem vocação para aprender experimentando e acompanha reviews e lançamentos, mas falha na cultura de aprendizado por tentativa e erro e na tomada de risco no uso de novas tecnologias.

Já na categoria Criação, o estudo tentou entender a relação do brasileiro com a promoção de conteúdo, conhecimento de gerenciamento de ferramentas de publicidade online e de programação em diversas linguagens. Nesta área a nota foi a mais baixa entre todas, 1,8, uma vez que o conhecimento do cidadão comum ainda é muito voltado à criação básica (cria e desenvolve apresentação em slides e edita vídeos) ante algo mais robusto (entender e aplicar conceitos de Machine Learning e conseguir automatizar sistema de dados).

De acordo com Maria Helena Marinho, gerente de marketing insights do Google, o estudo conseguiu demonstrar que os brasileiros iniciam a jornada digital aprendendo conhecimento de acesso, e depois partem para desenvolver competências em segurança, uso e cultura, para em seguida criar no ambiente digital.

“No geral, a nota média do brasileiro é 3,0. O importante a frisar é que temos pontos positivos e pontos negativos. Ou seja, há pontos a serem melhorados”, disse Marinho . “Nós não tínhamos muita hipótese (por ser o primeiro estudo), mas entendemos que é uma nota alta, se considerar a penetração de Internet, de smartphones, consumo de vídeo no País”.

Lacunas e relação com a renda

O estudo Digital Skill Index ainda demonstrou a existência de lacunas de conhecimento entre grupos demográficos. Por exemplo, a população da terceira idade tem 30% a menos de conhecimento em criação e menos 20% de nota geral em relação ao público como um todo da pesquisa. As mulheres jovens tem 10% a menos em conhecimento e criação ante os homens, e a população de baixa renda tem uma lacuna de conhecimento de 10% em acesso e 14% em uso ante a população das classes A e B.

Por outro lado, a análise tentou demonstrar uma correlação positiva entre um possível incremento na renda do brasileiro e as competências digitais. No estudo, foi possível ver que as cinco competências combinadas podem ter um impacto de até R$ 380 na renda mensal do trabalhador, algo que equivale a 40% do salário mínimo nacional.

“Fizemos uma correlação dos índices digitais com a renda. A competência de acesso não tem impacto na renda. Para segurança, uso e cultura, ela traz impacto a partir do nível intermediário, tem um ponto positivo em renda. E, por fim, em criação é onde teve mais impacto na renda a partir do nível mais básico”, explicou Castilho.

 

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