A Oi voltou a apresentar queda na receita, tanto no quarto trimestre quando no acumulado de 2019. Em balanço financeiro divulgado no final da noite de quarta, 25, a empresa mostrou ainda que tem observado aumento exponencial nas receitas de fibras, que compensam parcialmente a queda nos serviços ainda ligados ao cobre. Apesar de o resultado ainda ser negativo, a companhia conseguiu reduzir o prejuízo no ano passado.
Vale notar que a empresa decidiu não divulgar a projeção para desempenhos futuros (guidance) para 2020. Os motivos apresentados em um fato relevante divulgado já na madrugada desta quinta, 26, são a volatilidade do cenário macroeconômico, os impactos ainda não mensurados do coronavírus (covid-19), e até a assembleia geral de credores que deverá ser realizada em algum momento até novembro. A AGC, afirma a empresa, “poderá deliberar sobre temas estratégicos para a companhia com potencial impacto relevante em seus negócios futuros”, o que seria mais uma indicação de que o tema a ser tratado seria a venda da unidade móvel.
A receita líquida da empresa foi de R$ 4,914 bilhões nos últimos três meses, uma redução de 8,4% no comparativo anual. Já no acumulado de 2019, foi de R$ 20,136 bilhões, queda de 8,7%. A operadora justifica que a exposição aos serviços ligados ao cobre nos segmentos residencial e B2B, além da queda do tráfego de voz, foram os principais fatores para a queda. Mas diz que o crescimento da receita de FTTH residencial, de TI do corporativo e de dados no serviço móvel (com crescimento do pós-pago) compensaram parcialmente a queda.
A receita líquida de serviços residenciais foi a que teve maior impacto negativo, com queda de 13,9% no período de outubro a dezembro, total de R$ 1,724 bilhão. Somado os 12 meses, foi de R$ 7,264 bilhões, recuo de 13,5%.
A maior parte das receitas residenciais ainda é da voz em cobre, que somou R$ 732 milhões no trimestre (redução de 25,9%) e R$ 3,271 bilhões no ano (recuo de 22,5%). A banda larga em xDSL é a segunda maior fatia, mas também em queda: de 20,6% no trimestre (R$ 449 milhões) e de 16,1% no ano (R$ 2,014 bilhões). A TV por satélite (DTH) também apresentou recuo, mas menor do que as tecnologias de cobre, ficando em R$ 419 milhões nos três meses (3,3% de queda) e R$ 1,714 bilhão no ano (recuo de 1,3%).
Por sua vez, a receita com fibra saltou 703,7% no trimestre, passando a gerar R$ 124 milhões no período. No cumulado do ano, o crescimento foi de 515,1%, totalizando R$ 265 milhões. Segundo a Oi, o mix de vendas no projeto de expansão do FTTH atingiu aproximadamente 80%, comparado a 20% em cobre. A companhia afirma que a estratégia de intensificar os recursos nessa tecnologia “tem surtido efeito”, com crescimento médio mensal de 20%.
A receita de mobilidade pessoal teve redução de 1,3% no trimestre, totalizando R$ 1,743 bilhão; enquanto no ano houve queda de 2,8%, total de R$ 6,859 bilhões. A receita do pré-pago caiu 11,7%, chegando a R$ 760 milhões nos três meses. No ano, a queda foi de 10,9%, total de R$ 3,073 bilhões. O pós-pago, por outro lado, aumentou em 14,6% no trimestre (R$ 907 milhões) e 12,3% no ano R$ 3,477 bilhões.
O segmento B2B caiu 7% no trimestre (R$ 1,333 bilhão) e 7,6% no ano (R$ 5,524 bilhões). Apesar de aumento na receita do corporativo (17,3%, total de R$ 783 milhões no trimestre), houve quedas de dois dígitos nos segmentos empresarial (25,6%) e atacado (31,2%).
O prejuízo recuou 32,6% no período de outubro a dezembro, ficando em R$ 2,263 bilhões. No acumulado do ano, contudo, foi de R$ 9 bilhões, contra lucro de R$ 24,591 bilhões em 2018 (quando foi homologado o plano da recuperação judicial).
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) de rotina foi de R$ 1,016 bilhão no trimestre (recuo de 19,1%) e de R$ 4,464 bilhões no ano (queda de 23,7%). A margem EBITDA de rotina caiu 2,7 pontos percentuais no trimestre, ficando em 20,7%; enquanto em 2019 a redução foi de 4,4 p.p., ficando em 22,2%.
Os investimentos da Oi no trimestre caíram 4,8%, totalizando R$ 1,991 bilhão. Considerando os 12 meses, foi de R$ 7,842 bilhões, um incremento de 28,3%.
O caixa disponível caiu pela metade no comparativo anual, passando a ser de R$ 2,3 bilhões. O fluxo de caixa operacional de rotina (EBITDA – Capex) foi negativo de R$ 975 milhões no trimestre, aumento de 16,9% frente ao resultado negativo de 2018; e de R$ 3,378 bilhões nos 12 meses, contra resultado também negativo no acumulado de 2018 (R$ 261 milhões).
A dívida líquida da empresa cresceu 34,7% no ano, passando a ser de R$ 15,927 bilhões.
Operacional
A área residencial teve o maior impacto negativo, com redução de 14,2% e somando 12,659 milhões de unidades geradoras de receita (UGRs). Segundo a operadora, houve mudança na regra de corte para desconexões involuntárias, reduzindo a régua de 120 para 90 dias, o que teria explicado a aceleração da queda.
A banda larga fixa somou 4,202 milhões de UGRs, queda de 13,9%. A TV paga caiu 8,5% e ficou com 1,451 milhões de contratos. Já o telefone fixo caiu 15,4%, totalizando 7,005 milhões.
A companhia afirma ter chegado a 4,6 milhões de homes passed em 2019, dos quais 675 mil residências estavam efetivamente conectadas, uma taxa de ocupação de 14,7%. Somente no último trimestre foram construídos 1.014 homes passed. A Oi diz ter atingido o objetivo do plano estratégico, e que pretende chegar a 16 milhões de HPs até o final de 2021. Já com dados de fevereiro de 2020, a fibra da empresa está presente em 110 municípios, chegando a 5,3 milhões de homes passed e mais de 849 mil casas conectadas, alcançando taxa de ocupação de 16,1%. A rede de fibra da empresa tem 376 mil km.
O serviço móvel caiu 2,9%, encerrando o ano passado com 34,006 milhões de acessos. Desse total, 24,479 milhões eram de linhas pré-pagas (queda de 10,3%), e 9,527 milhões de pós-pago (aumento de 23,1%). A cobertura 4G da Oi atingiu 1.018 municípios, aumento de 13%. A tecnologia de LTE Advanced (chamada comercialmente de 4,5G) chegou a 44 municípios. A empresa ressaltou trabalhar em parceria com outras operadoras para o compartilhamento de rede para “potencializar investimentos e reduzir custos”.
Por sua vez, o segmento B2B caiu 2%, ficando com 6,591 milhões de UGRs. A companhia encerrou o ano com 73,1% menos telefones públicos, somando agora apenas 172 unidades no País.