Até o momento, um em cada quatro brasileiros com smartphone, ou 25% da base, já apostaram dinheiro em um app de apostas esportivas. É o que revela a nova pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre uso de apps no Brasil, que pela primeira vez analisou o segmento de aplicativos de apostas esportivas.
O perfil médio do apostador é homem, jovem e de baixa renda. Entre os homens, 33% já apostaram dinheiro nesses apps. A proporção cai para 18% entre as mulheres. Na análise por faixa etária, o percentual é de 36% no grupo de 16 a 29 anos. A proporção cai para 24% entre aqueles de 30 a 49 anos, e desce para 14% no grupo com 50 anos ou mais. Nas classes A e B, 22% dos usuários com smartphone já apostaram dinheiro nesses apps. O percentual é quase o mesmo na classe C: 21%. Mas sobe para 30% entre brasileiros das classes D e E. Ou seja, justamente quem tem mais a perder são os que mais experimentaram esses apps.
Interessante notar que a maioria dos apostadores, ou 60% para ser exato, reconhecem que perderam mais dinheiro do que ganharam nesses apps. 23% afirmam que ganharam mais do que perderam. E 17% dizem que, no fim das contas, ficaram empatados, ou seja, nem ganharam, nem perderam dinheiro.
Enquanto 66% das apostadoras mulheres reconhecem as perdas; a proporção é de 57% entre os homens. Na comparação por classe social, 52% dos jogadores das classes A e B dizem que perderam mais do que ganharam, ante 57% da classe C e 65%, das classes D e E.
Os apps e sites de apostas mais populares atualmente no Brasil são Bet365, Betano, Blaze, Pixbet e Sportingbet, nesta ordem, informa a pesquisa.
A pesquisa entrevistou, entre 12 e 24 de abril de 2023, 2.069 brasileiros com 16 anos ou mais que acessam a Internet e possuem smartphone, respeitando as proporções de gênero, idade, faixa de renda e distribuição geográfica desse grupo. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais. O grau de confiança é de 95%. O relatório integral pode ser baixado gratuitamente em inglês ou português aqui.
Análise
O Brasil vive uma febre de apps de apostas esportivas. Desde que foram legalizados, mas ainda carentes de regulamentação, esses aplicativos conquistaram popularidade e receita rapidamente, a ponto de hoje patrocinarem a maioria dos clubes da elite do futebol brasileiro, estamparem suas marcas nos estádios e estrelarem comerciais em horário nobre nos principais canais de TV aberta e fechada. O sucesso é tão grande que vem transformando a maneira como o brasileiro acompanha partidas de futebol – os apostadores se preocupam mais em acertar quem vai levar um cartão amarelo ou a quantidade de escanteios do que comemorar os gols do seu time. Ao mesmo tempo, como efeito colateral, surgiram quadrilhas especializadas em subornar jogadores para manipular as partidas, prática criminosa que está sendo investigada pela polícia. Sua regulamentação, portanto, se faz urgente. Mobile Time escreveu sobre o tema no começo do ano passado, explicando o limbo regulatório em que esses apps operam.