O mercado corporativo latino-americano representa provavelmente um dos últimos focos de resistência da marca BlackBerry no mundo. É o que indicam dados levantados pela Tangoe, empresa norte-americana especializada na gestão de conexões e bens de telecom e TI, que administra 4,4 milhões de dispositivos móveis no mundo. Nos EUA, a participação da BlackBerry no total de celulares gerenciados pela Tangoe caiu de 52% para 3% ao longo dos últimos cinco anos. Enquanto isso, na América Latina, o BlackBerry ainda detém 19% de um total de aproximadamente 50 mil dispositivos móveis gerenciados pela companhia.

Na opinião do gerente de marketing da Tangoe no Brasil, Pedro Silveira, a queda na participação da BlackBerry no mercado corporativo latino-americano é inevitável e deve acontecer de forma acentuada ao longo dos próximos cinco anos. E só não aconteceu com mais força até agora por causa do investimento de algumas empresas em servidores para a plataforma BES, da BlackBerry, de gerenciamento dos dispositivos e de emails corporativos. Em alguns casos foram feitos investimentos prevendo um ciclo de até oito anos, o que agora atrasa uma eventual migração para outros sistemas operacionais móveis.

A perda de share da BlackBerry no mercado corporativo em geral é atribuída a dois fatores principais: a consumerização, ou seja, o uso corporativo de smartphones projetados para o consumidor final; e a inclusão de recursos de segurança e de gestão em outros sistemas operacionais, o que tirou a vantagem competitiva que o BlackBerry teve por tanto tempo. "Os recursos que fizeram a BlackBerry dominar o mercado corporativo agora estão disponíveis para Android e iOS", comenta Silveira.

A Tangoe está presente em 96 países e conta com 2,6 mil funcionários. O Brasil serve de hub para sua atuação na América Latina. A empresa espera chegar ao fim de 2016 com 103 mil dispositivos móveis sob sua gestão na região, ou seja, pouco mais do que o dobro da sua base atual.