O 5G no Brasil está crescendo bem, em um ritmo mais forte que o 4G, afirma o diretor de soluções de rede da Ericsson, Paulo Bernardocki. Em conversa recente com o Mobile Time, o executivo lembrou que o País chegou aos 28 milhões de usuários na quinta geração em dois anos completados neste mês de julho, enquanto o 4G chegou aos 25 milhões de conexões três anos após o seu lançamento.

“Vemos um avanço muito rápido. E o 5G tem se mostrado muito bom para fazer o offload de tráfego do 4G. Consegue entregar mais GB por um custo mais baixo para as operadoras. Mas ainda fica o desafio de se criar serviços em cima do 5G”, disse.

“Avançamos em FWA e em network slicing, como vimos com as transmissões de carnaval e shows. Portanto o 5G é uma realidade, mas o desafio segue e o setor precisa ir além para gerar receitas”, completou.

DSS

Vale lembrar que antes do leil{ao do 5G, as operadoras brasileiras experimentaram uma tecnologia chamada Dynamic Spectrum Sharing (DSS), que usa o espectro do 4G para prestar um serviço 5G. O DSS foi usado pelas teles ainda em 2020. Essa tecnologia, que praticamente não está mais em uso pela companhias, voltou a ser destaque nesta semana com a multa aplicada pelo Senacon às operadoras.

Olhando pelo aspecto técnico, o diretor de soluções de rede da Ericsson, lembrou que o DSS é um padrão 5G, sim. “O que aconteceu é que o 5G naquele momento foi lançado em cima do espectro do 4G, um espectro que estava em uso. E isso criou a percepção (à época) de que o 5G era lento”, disse Bernadocki.

Leilão, o divisor de águas

O diretor da Ericsson reforçou que a diferença da quinta geração para o consumidor final só foi notada a partir do leilão do 5G e das implementações dos equipamentos com o novo espectro: “Vemos claramente dois momentos: antes do lançamento com o espectro novo e depois do lançamento com o espectro novo”, detalhou.

“A questão naquele momento do lançamento do DSS era a falta de espectro. Porque o mercado de telecomunicações usava o espectro disponível – que estava bastante carregado. Mas quando o espectro novo apareceu, o 5G cresceu sem freio”, completou, lembrando que a partir dali o DSS não avançou mais.

Vale lembrar, a própria Anatel refez os cálculos em fevereiro de 2022 e contabilizou 1 milhão de acessos como “5G DSS” no primeiro ano da tecnologia, a partir da inclusão de dados de assinantes da Claro que não tinham sido registrados um mês antes.

Imagem principal: Paulo Bernardocki durante o MPN Fórum 2024 (foto: Marcos Mesquita/Mobile Time)