Os planos de digitalização das duas maiores emissoras de TV ainda não foram alterados por conta da crise financeira, que já é fortemente sentida pelos grupos de mídia. Pelo menos é o que dizem SBT e Globo. Mas nem tudo sairá como se espera em relação ao desligamento da TV analógica. Segundo estas emissoras, nas cidades com menos de 20 mil habitantes o switch off não deve acontecer pois não há plano de digitalização. Os radiodifusores já trabalham com a hipótese de manter o sinal analógico "convivendo" com a banda larga LTE, em 700 MHz, para a banda larga móvel.

Em debate no Congresso da SET Expo, realizado nesta terça, 24, pela Sociedade de Engenharia de Televisão, em São Paulo, o diretor geral de tecnologia da Globo, Raymundo Barros, disse que a Globo, assim como sua rede de afiliadas, pretende ter todas as cidades com mais de 20 mil habitantes digitalizadas até o final de 2018, para quando está previsto o desligamento da TV analógica.

Até o momento, a rede da Globo conta com 105 geradoras digitais e 350 retransmissoras, cobrindo aproximadamente 130 milhões de brasileiros. Para chegar a todas as cidades com mais de 20 mil habitantes estarão digitalizadas 122 geradoras e 1,19 mil retransmissoras, cobrindo 172 milhões de habitantes. "O resultado econômico desses municípios (os pequenos) para a TV aberta é muito limitado", destaca.

A este noticiário, Barros afirmou que os planos de investimento para 2016 e 2017 estão feitos e já comprometidos, mas que para 2018, os investimentos na digitalização podem ser impactados, dependendo do resultado da crise, sobretudo na rede de afiliadas. "Trabalhamos com a digitalização das cidades com até 20 mil habitantes, mas se for necessário, podemos subir a barra um pouco, para cidades com 30 mil, por exemplo", explicou. "O custo por habitante é muito alto. A maioria dessas cidades só têm TV por conta do investimento das próprias prefeituras", completou.

No caso do SBT, contou a este noticiário o vice-presidente de redes e assuntos regulatórios do SBT, Roberto Franco, a digitalização já está contratada e em processo de execução em todas as emissoras e retransmissoras próprias nas cidades com mais de 50 mil habitantes. "Abaixo dessa linha, vamos investir em algumas cidades que estão em pontos estratégicos, como Mairiporã (SP), por exemplo", conta Franco. No caso das outras cidades abaixo da linha de corte estipulada pelo SBT, Franco não descarta investimentos das prefeituras, como foi feito no passado.

Pequenas

Raymundo Barros, da Globo, diz que os radiodifusores trabalham com a hipótese de manter sinais analógicos em cidades menores. "Estas cidades já são bem atendidas em termos de serviços de telecomunicações, portanto não devem despertar tanto interesse das operadoras móveis", diz. Além disso, a canalização de TV nessas localidades é mais baixa, mantendo os canais de TV longe da zona de interferência com o LTE, na faixa dos 700 MHz. "Acho que podemos negociar uma convivência entre os serviços. A SET está conduzindo estudos de interferência", diz Barros.

Pelas contas de Franco, do SBT, são 2,5 mil cidades no país com menos de 10 mil habitantes e onde deve haver convivência entre o sinal de TV analógico e os serviços de banda larga móvel nas faixas de 700 MHz.

 

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