Com a inflação e o desemprego subindo, o brasileiro está cada vez mais preocupado em comparar preços antes de sair às compras. Há vários sites que realizam esse serviço, mas se limitam aos preços de lojas on-line, cujo monitoramento é feito por robôs (ou "crawlers", como são conhecidos na web). A Price Ninja, uma start-up carioca que faz parte do programa Startup Rio, traz uma ideia diferente: comparar preços nas lojas físicas de supermercados por meio de crowdsourcing, ou seja, da coleta de dados de forma colaborativa por parte dos consumidores, através de um app homônimo (Android, iOS).
Trata-se de uma solução que requer massa crítica para deslanchar. Seus criadores têm ciência da dificuldade de convencer alguém a colaborar com qualquer ferramenta de crowdsourcing. Na Wikipedia, por exemplo, apenas 1% da base de usuários produz ou edita conteúdo. Para resolver esse impasse, o caminho encontrado foi exigir que o usuário informe um preço de produto para receber o comparativo. Ou seja, a utilização da ferramenta requer uma colaboração. Basta escanear o código de barras de um produto na prateleira do supermercado e digitar o preço para receber em seguida uma lista dos preços da mesma mercadoria em outros estabelecimentos das redondezas, ordenados por proximidade. Na prática, o consumidor paga com informação pelo uso do Price Ninja.
Além disso, a base de dados está sendo construída com o trabalho de pesquisadores contratados pela start-up para projetos de monitoramento de preços para indústrias de bens de consumo e redes varejistas. Preços de supermercados online também serão incluídos em breve, com a ajuda dos crawlers. Em pouco tempo o serviço já tem 70 mil supermercados e 1,3 mil produtos cadastrados.
Neste momento, o app está sendo revisado para a construção de uma nova versão que tentará aumentar o engajamento dos usuários, através de mecanismos de gamificação. Seus criadores acreditam que se chegarem a uma base entre 100 mil e 200 mil usuários será possível oferecer serviços como a recomendação de onde fazer as compras de acordo com a lista de produtos informada pelo consumidor. E este poderá escolher a melhor opção caso só possa ir a um supermercado ou a melhor combinação de dois ou mais supermercados para aquela lista de produtos.
"Nosso objetivo é chegar ao ponto de prever a demanda dos produtos. Se tem muita gente fazendo pesquisa de uma determinada mercadoria em certa região, poderemos prever o risco de ruptura. Conseguiremos medir também o impacto de campanhas de TV vendo o aumento de pesquisas pelo produto anunciado", diz Bernardo Machado, um dos fundadores do Price Ninja.
A start-up procura agora por investidores dispostos a aplicar R$ 500 mil no projeto. O dinheiro será usado na aquisição de clientes e também em tecnologia de captura de preços.
Startup Rio
Esta é a primeira matéria de uma série que MOBILE TIME publicará ao longo dos próximos dias sobre alguns dos projetos presentes na primeira turma do Startup Rio que estão diretamente relacionados a mobilidade. O Startup Rio é um programa de pré-aceleração criado pelo governo do estado do Rio de Janeiro que selecionou 50 ideias de start-ups de tecnologia e distribuiu R$ 100 mil para cada uma, além de oferecer espaço para co-working, capacitação e treinamento, sob a coordenação da aceleradora Outsource Brazil. O ciclo da primeira turma termina ao fim do ano. O edital para a seleção da segunda turma está no ar no site da Faperj.