Depois dos aplicativos e, mais recentemente, dos chatbots, uma nova interface para o comércio móvel está prestes a surgir no Brasil: a voz. Trata-se do uso de comandos de voz a assistentes pessoais para a realização de compras. O primeiro a permitir isso no País será o Google Assistente. A novidade despertou interesse imediato em um dos mais experientes empreendedores do mercado móvel nacional, Léo Xavier, CEO da Pontomobi.
“Todo mundo sabe falar. E fala mais do que escreve. O ser humano consegue falar 140 palavras por minuto, mas escreve apenas 35”, compara o executivo. Outra vantagem é que a novidade nasce com uma base instalada massiva: cerca de 200 milhões de smartphones em serviço no Brasil. Não é preciso baixar um novo app, basta usar o microfone do Google ou, se o aparelho for Android, dizer “Ok Google”, seguido do comando desejado, ou “ação”, como chama o Google.
“Não se trata apenas de uma nova interface. A voz traz consigo uma redefinição de toda a relação de marcas com os consumidores que há 15 anos, na era digital, gira em torno de uma interface visual. Quando se pensa na presença digital de uma marca, se pensa em uma tela, um clique, um toque, uma imagem, um botão. E todos os profissionais de UX e UI acabaram sendo educados sob essa lógica gráfico-visual. Na voz é outra coisa, tudo o que aprendemos até agora precisa ser repensado”, analisa, em entrevista para Mobile Time.
Xavier entende que o comércio móvel por voz implicará em uma nova dinâmica de venda, agora conversacional, diferente daquela guiada por imagens em uma tela. Os chatbots abriram as portas para o comércio conversacional, embora via texto e muitos deles ainda com uma lógica de árvore de decisão, que é uma estrutura gráfico-visual, embora por trás da conversa. Com a adoção da voz, Xavier entende que é necessário “reconstruir as bases do que entendemos como UX”.
Venda assistida
Xavier acredita que o comércio conversacional com assistentes de voz deve atrair projetos para a venda de produtos específicos e/ou que requeiram uma venda mais assistida, em que o consumidor precise tirar dúvidas, neste caso, com um robô-vendedor. A princípio, ele acha difícil que os assistentes sejam usados para compras que envolvam muitos itens diferentes, como um supermercado. “O número de itens é um limitador. Acho pouco razoável alguém falar muitos itens. Porém, ao mesmo tempo, o brasileiro costuma criar novos hábitos”, pondera.
O primeiro projeto da Pontomobi com comércio conversacional por voz consiste em uma solução para a venda de água Bonafont, da Danone, por meio de comandos de voz no Google Assistente. A “ação” deve entrar no ar em breve.