Os planos da Movile Pay, fintech do grupo Movile, são ambiciosos. “Vemos espaço para criar a maior fintech do País. Queremos ser maiores que Nubank e PagSeguro juntos”, diz seu CEO, Daniel Bergman, em conversa com Mobile Time. Sua estratégia gira em torno do conceito de “embedded finance”, que consiste em oferecer serviços financeiros dentro de uma jornada já existente, para um segmento específico de mercado.
“Para chegar lá, demos o primeiro passo, que foi construir o banco dos restaurantes. É onde estamos avançando hoje”, diz Bergman. A empresa criou no ano passado uma conta digital para os restaurantes do iFood, aproveitando o ecossistema desse marketplace cujo controlador é a Movile, o mesmo da Movile Pay. Junto com a conta digital, a fintech disponibiliza empréstimos para os restaurantes. Neste momento há mais de 300 mil contas ativas e já foram emprestados R$ 350 milhões.
“Não queremos ser simplesmente um neobanco para competir com C6, Neon etc. Todo dia nasce um banco digital oferecendo cartão de graça. Queremos fazer diferente. Por isso, somos calcados em ‘embedded finance’. Entendemos a jornada dos restaurantes como ninguém. A gente está no dia a dia deles. Sabemos o que precisam para o dia seguinte, o que venderam ontem. Assim, conseguimos criar produtos específicos em uma jornada melhor”, explica o executivo.
A Movile Pay entende que sua oferta de crédito é um diferencial competitivo para atrair os restaurantes para sua conta digital. Sua taxa de aprovação de pedidos é quatro vezes maior do que a média se os mesmos restaurantes tentassem obter os mesmos empréstimos em outros bancos. Isso só é possível graças à análise dos dados operacionais dos restaurantes no iFood. Aliás, a empresa atua com o chamado “crédito fumaça”, em que o beneficiário dá como garantia receitas futuras. Os juros cobrados variam entre 0,75% e 3,99%. Vale lembrar que em agosto deste ano a fintech conseguiu levantar R$ 180 milhões em um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC).
30% dos restaurantes que pegam empréstimo com a Movile Pay não possuem conta em outro banco, informa. O executivo reconhece, contudo, que precisará rever seu modelo de aprovação de empréstimos com o fim da pandemia e diante do aumento da taxa Selic: “A demanda é forte por crédito, mas precisamos tomar cuidado com a taxa de aprovação. Temos que fazer de forma responsável.”
Bergman entende que a relação entre Movile Pay e iFood é de ganha-ganha. “O iFood não faz isso por favor para a Movile Pay. O objetivo é alimentar o ecossistema. Se tenho restaurantes financeiramente mais saudáveis, que estão se expandindo, haverá mais clientes pedindo iFood, teremos mais GMV, e darei mais crédito. Cria-se um ciclo virtuoso dentro do ecossistema”, argumenta.
Expansão
A Movile Pay já planeja sua expansão para outros segmentos. Inicialmente será ainda dentro do grupo Movile, mas Bergman não pode revelar qual. A ideia é seguir com a estratégia de ‘embedded finance’. ”Só entraremos em um novo segmento com uma proposta de valor redonda. Levaremos produtos financeiros para jornadas que já existam”, disse.