Para a GSMA, a América Latina terá desafios de harmonização de espectro para a faixa de 5G. A associação está trabalhando para que a região possa chegar à Conferência de Radiocomunicação da UIT, em 2019, com uma posição fechada, mas Sebastian Cabello, diretor da GSMA para a América Latina, reconhece que há problemas em quase todas as faixas. A faixa de 600 MHz, que está sendo trabalhada pelos EUA para 5G, no Brasil é ocupada pela radiodifusão e não há nem sinal de mudanças (a faixa de 700 MHz ainda está em processo de limpeza). A faixa de 3,5 GHz, considerada hoje a principal frequência para 5G, tem problemas de interferência com serviços de satélite, que podem ser mitigados, mas não é uma adoção tranquila. As faixas milimétricas (26-28 GHz), também importantes para 5G, podem ter problemas com os serviços de banda Ka, via satélite.

Segundo dados apresentados durante o Mobile World Congress, realizado esta semana em Barcelona, apenas a partir de 2020 é que se começa a ver a introdução de redes 5G na América Latina, mas com a expansão da base de usuários apenas a partir de 2023. Segundo Cabello, a diferença de tempo entre a chegada das novas tecnologias de acesso na América Latina tem caído em relação ao que acontece em países desenvolvidos, mas ainda deve haver um delay, o que é, inclusive, positivo para as operadoras, que pagam preços menores pela tecnologia e evitam os erros já cometidos pelas operadoras pioneiras.

Mas a GSMA destaca que a chegada da quinta geração e dos serviços de IoT muda toda a cadeia econômica, e, por isso mesmo, os modelos regulatórios devem estar atentos a todo o ecossistema digital e não apenas às redes de telecomunicações. As teles, por sua vez, serão desafiadas ao longo deste processo com aumentos de custos, um mercado cada vez mais concentrado de fornecedores, redução das tarifas de roaming e interconexão e competição dos prestadores digitais, o que coloca o modelo econômico da indústria sob pressão. Segundo Cabello, a questão tributária é especialmente desafiadora em mercados como Argentina e Brasil, e as ofertas com dados não são acessíveis para boa parte da população.

A GSMA também defende que as regras permitam consolidações no mercado e, segundo estudos da associação, há evidências de que a fusão de empresas traria benefícios de preço e cobertura aos consumidores. Estudo semelhante ao que foi feito no caso do mercado austríaco está sendo feito para a América Latina e deve ser apresentado em breve.

 

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