Ao longo das visitas da delegação brasileira de parlamentares e representantes de governo e Anatel aos diferentes fornecedores durante o MWC19, que acontece esta semana em Barcelona, um tema esteve em todas as conversas: a demanda por espectro, sobretudo para aplicações de 5G. Existe uma preocupação sobre o tempo de liberação das faixas, o tamanho das faixas que será liberado e, sobretudo, os custos.
Um dos estudos colocado à Anatel, neste caso pela Qualcomm, é sobre a possibilidade de que o leilão da faixa de 3,5 GHz, previsto para 2020, inclua também a faixa de 3,3 GHz. Com isso se resolveria um grande problema na modelagem atual: a falta de espaço para um leilão que contemple pelo menos 100 MHz por operadora, algo considerado essencial para o pleno desenvolvimento do 5G. Na modelagem atual, seria possível apenas 200 MHz no total, o que daria 50 MHz para cada empresa atuante no mercado, caso as quatro participassem da disputa. Ampliando para a faixa de 3,3 GHz, seria possível chegar aos 100 MHz necessários.
Existe uma complicação para a liberação de 3,3 GHz que é a designação de uso para links de microondas de emissoras de TV, apesar de a faixa ainda não estar sendo utilizada para isso. Esta liberação ocorreu quando a Anatel decidiu destinar a faixa de 2,3 GHz para a banda larga móvel, realocando o serviço privado das emissoras de TV. Seria necessário achar outro lugar para os links. A ironia é que durante o MWC 2019, uma das aplicações mais comuns de 5G demonstrada foi justamente a possibilidade de emissoras de TV fazerem transmissões ao vivo com o uso da tecnologia, usando os chamados “mochilinks”, ou mochilas equipadas com equipamentos para os links de transmissão de vídeo. Como o 5G permite altas taxas de transmissão, latência reduzida e qualidade de banda, é possível o desenvolvimento de serviços profissionais.
Como resposta, ao menos por enquanto, a Anatel sinalizou a possibilidade de estudar a ampliação de faixas sub-6 GHz (incluindo um estudo na área técnica para a adição de 100 MHz na faixa de 3,3 GHz a 3,4 GHz), e sinalizou uma data mais precisa para a licitação: março de 2020, em linha com o que vinha sendo indicado pela agência, mas já com a previsão do mês. Ressalte-se que as operadoras, por sua vez, não estão manifestando a mesma pressa, pois temem o risco de um grande comprometimento de recursos com espectro sem que os investimentos na faixa de 4G tenham começado a acontecer. Preferem (exceto a TIM) leilões apenas para 2021/2022.