Dentro de 90 dias, os paulistanos poderão usufruir de um serviço de aluguel de bicicletas via celular, com estações espalhadas por toda a cidade. Trata-se do Bike Sampa, um projeto similar ao Bike Rio, gerido pela mesma concessionária, a Serttel, e com o mesmo patrocinador, o Itaú. O plano é instalar 300 estações e oferecer 3 mil bicicletas em um prazo de três anos. Nos primeiros seis meses serão 100 estações, a maioria no centro e na zona sul da capital paulista. O preço do serviço ainda não foi definido, mas deve ser bem próximo àquele praticado no Rio de Janeiro, onde é cobrado R$ 5 pelo aluguel diário ou R$ 10 pelo passe de 30 dias. Os preços módicos só são possíveis graças ao patrocínio, explica o presidente da Serttel, Angelo Leitte. No Rio de Janeiro, por exemplo, a receita com o aluguel cobre apenas 20% dos custos. O mesmo serviço será lançado também em Sorocaba/SP, no começo de maio. Neste caso, porém, o patrocínio será feito pela prefeitura local.
As estações do Bike Sampa serão abastecidas por energia solar. Dentro delas, haverá uma pequena CPU se comunicando através de rede 3G com o servidor do serviço para informar, em tempo real, quantas bicicletas e quantas posições livres há. Tais informações são visíveis para o usuário em aplicativos móveis, que estarão disponíveis para iPhone e smartphones Android. "A CPU é de baixo consumo de energia. A estação pode se manter ativa por até dez dias sem sol", garante Leitte.
Através do app, será possível comprar passes (mediante número do cartão de crédito), ver a localização das estações em um mapa e solicitar o destravamento de uma bicicleta (basta informar os números da estação e da posição da bicicleta). Quem não tiver smartphone, poderá adquirir os passes pelo site do serviço e requisitar a bicicleta telefonando para uma central de atendimento automatizada.
Cada bicicleta retirada precisa ser devolvida em até 60 minutos a qualquer uma das estações. Se isso não for feito, é cobrada uma taxa adicional. No Rio de Janeiro, 97% das bicicletas têm sido devolvidas dentro do prazo. A exigência tem como objetivo garantir a rotatividade dos veículos e uma boa disponibilidade para os usuários. Não há limite para a quantidade de viagens realizadas por um mesmo cliente no passe diário ou mensal. Cada bicicleta é dotada de um chip para comunicação RFID, o que permite ao sistema saber que bicicleta cada usuário está usando e identificar quando e em qual estação ela é devolvida. No site do serviço o cliente poderá acompanhar seu histórico de viagens.
Manutenção
Em uma central de operações, a Serttel acompanhará o movimento em cada estação. Se uma delas passar muito tempo lotada ou vazia, técnicos se deslocarão para adicionar ou retirar bicicletas, conforme o caso. Diariamente, de manhã cedo, serão feitas manutenções nos veículos. Alguns serão transportados para o centro de operações, onde mecânicos farão consertos. Quando uma mesma bicicleta é retirada e devolvida muitas vezes em intervalos curtos de tempo, o sistema identifica que ela pode estar com algum defeito.
Bike Rio
No Rio de Janeiro há atualmente 53 estações, 530 bicicletas e 55 mil usuários cadastrados. Destes, 80% são moradores da cidade e 20%, turistas. Todo mês são vendidos 15 mil passes mensais e cerca de 3 mil diários. Desde o lançamento do projeto, em 29 de outubro do ano passado, já foram feitas mais de 400 mil viagens. A média atual é de 4 mil viagens por dia.
Até o momento foram registrados 27,7 mil downloads do app Bike Rio (9,3 mil para Android e 18,4 mil para iOS). De acordo com Leitte, 60% das requisições de bicicletas são feitas pelo app e o restante, por ligação de voz. Uma parcela ínfima acessa pelo site WAP do serviço. O app está em constante evolução. Nas próximas atualizações será incluído o histórico de viagens do usuário. Leia aqui a resenha sobre o app, testado por MOBILE TIME.
A concessão da Serttel no Rio de Janeiro dura até 2013. A intenção é renová-la e levar o serviço para outras regiões da cidade, uma vez que hoje está disponível apenas na Zona Sul.
Educação
Paralelamente à oferta de serviços de aluguel de bicicletas, as prefeituras deveriam investir em campanhas educacionais no trânsito para conscientizar especialmente os motoristas de carros e ônibus a respeitarem os ciclistas. "É preciso melhorar a convivência urbana. A bicicleta tem prioridade, de acordo com a legislação brasileira. É verdade que faltam ciclovias e ciclofaixas, mas as bicicletas não precisam circular de maneira segregada. É possível conviver em harmonia", argumenta Leitte. Na opinião do executivo, quanto maior o número de bicicletas nas ruas, mais elas serão respeitadas.