Pavel Durov, CEO e fundador do Telegram, foi ao seu canal no aplicativo nesta quinta-feira, 27, para falar da suspensão da plataforma no Brasil. Ele alega que a Justiça está requisitando dados que são tecnologicamente impossíveis de se obter. “Aguardamos ansiosamente a resolução final. Custe o que custar, defenderemos os nossos usuários no Brasil e o seu direito à comunicação privada”, escreveu.

O Telegram está recorrendo contra a decisão de suspensão do aplicativo. Na última quarta-feira, 26, o serviço foi retirado do ar, pois a plataforma não deu à Polícia Federal (PF) dados completos de integrantes de um canal e um grupo neonazista. Eles foram requisitados por conta de investigações que ligam o autor dos ataques a escolas em Aracruz/ES, no fim de 2022, a estes grupos que estavam hospedados do Telegram.

Em resposta ao pedido da PF, a plataforma deu apenas o telefone do administrador do canal, cumprindo parcialmente a ordem judicial. Também alegou que não conseguiria recuperar dados dos integrantes do grupo, porque este havia sido deletado. Para decisão de suspensão, a Justiça Federal do Espírito Santo argumentou que o grupo ainda não havia sido deletado, no momento do recebimento da intimação pela plataforma, o que também contraria a justificativa usada por Durov.

“A missão do Telegram é preservar a privacidade e a liberdade de expressão em todo o mundo. Nos casos em que as leis locais vão contra essa missão ou impõem requisitos tecnologicamente inviáveis, às vezes temos que deixar esses mercados”, ressaltou o CEO.

Durov apontou para o fato de o aplicativo ter sido bloqueado, no passado, em países como China, Irã e Rússia, por ter como princípio a questão dos direitos humanos. “Tais eventos, embora infelizes, ainda são preferíveis à traição de nossos usuários e às crenças nas quais fomos fundados”, declarou.

O CEO não mencionou os eventos ocorridos na Alemanha, o único país europeu que já ameaçou banir o Telegram, em janeiro de 2022, caso não seguisse as regras locais de deletar mensagens contendo ameaças de morte ou discurso de ódio, além de fornecer às autoridades informações sobre autores desses conteúdos. Em fevereiro de 2022, Telegram bloqueou, a pedido do governo alemão, 64 contas que estariam propagando desinformação e conteúdo extremista.

Usuários acessam o serviço

Desde à noite de quarta-feira, o Telegram está fora do ar no Brasil. O aplicativo abre, mas os usuários não conseguem enviar nem receber mensagens. O site da plataforma de mensageria também não funciona.

O DownDetector, que monitora a queda de serviços online, registrou um pico de reclamações na quarta-feira, às 22h30, com 276 notificações. Ao longo de toda a quinta-feira as queixas continuaram. Houve um novo pico por volta de 9h desta quinta, com 200. Desde então o número vem caindo. O último registro, às 19h, foi de 81 notificações.

Apesar de o Telegram estar suspenso no Brasil, diversos usuários relatam, no Twitter, conseguir enviar e receber mensagens pelo aplicativo. Em testes feitos pelo Infomoney com dispositivos Android e iOS, conectados nas redes móveis da Claro e TIM, ainda era possível utilizar o serviço nesta quinta-feira.

Claro, Oi, TIM, Vivo, Google e Apple receberam um ofício, na quarta-feira, para a suspensão do serviço no País. Este tipo de bloqueio de um determinado serviço precisa ser feito por cada um dos provedores de Internet, seja móvel ou fixa.

O Google afirmou que não comentará o caso. Conexis, que representa as operadoras, Telegram e Apple também foram procurados, mas não retornaram os questionamentos desta reportagem.

 

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