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“Faltam os dispositivos de acesso (smartphones). Então é um pouco de pioneirismo”, disse Marcelo Molinari, diretor de engenharia de sistema da Ruckus na América Latina

O Wi-Fi 6 (padrão IEEE 802.11 ax) já está no Brasil. A Ruckus é a primeira empresa a trazer a solução para o mercado brasileiro. Segundo Marcelo Molinari, diretor de engenharia de sistema da Ruckus para América Latina, uma universidade privada em São Paulo está em processo de instalação da solução de rede. O nome da instituição de ensino não pode ser revelado.

“Ele (cliente) é um early adopter, que gosta de estar preparado para o futuro. Mas não há muitos dispositivos aptos ao Wi-Fi 6, a maioria acessará o Wi-Fi 5 e Wi-Fi 4. O dispositivo reconhece qual Wi-Fi será acessado por meio de um beacon (sinal) que conversa com o dispositivo”, disse o executivo, em conversa recente com Mobile Time. “Faltam os dispositivos de acesso. Então, é um pouco de pioneirismo”, comenta.

Apenas sete smartphones no mundo têm capacidade de acesso no novo padrão de rede wireless: Xiaomi Mi 9, Xiaomi Mi Mix3, LG G8, LG V50, Sony Xperia 1, Lenovo Pro GT e ZTE Axon 10 Pro 5G. Desses, o LG G50 é o único vendido no Brasil, e o Mi9 começará a ser vendido no próximo dia 1º de junho.

Atualmente, há 14 modelos de access points (APs) compatíveis com essa tecnologia produzidos por KT, KDDI, Huawei, H3C, Charter, Calix, Netgear, EnGenius, Cisco, Aruba e Ruckus.

Portfólio

O modelo da Ruckus se chama R730: possui 12 fluxos espaciais (8×8:8 em 5 GHz, 4×4:4 em 2,4 GHz), além do switch de rede ICX 7850 com capacidade de 10GbE, 25GbE, 40GbE, 50GbE e 100GbE.

Outros dois dispositivos com Wi-Fi 6 da Ruckus devem chegar neste ano ao mercado: o access point R750 (com seis antenas) e o R650 (intermediário, com oito antenas). Todos com o Wi-Fi 6 e IoT integrados. A expectativa é que o R730 chegue ao final do segundo trimestre, e, no segundo semestre de 2019, chegue o R650.

No fim de 2019, o portfólio de Wi-Fi 6 da Ruckus terá o R730 como o mais potente, seguido pelo R650 e depois pelo R750. Cada ponto de acesso tem capacidade de acessos simultâneos de 1 mil, 500 e 200 usuários, respectivamente. Molinari acredita que o “R650 será bem popular”. “No momento que ele estiver disponível, nós vamos começar a vendê-lo. Ainda neste ano deve ter bastante saída”, afirmou.

IoT

Como as soluções da companhia têm foco para clientes com grande densidade de acesso, o Wi-Fi 6 da Ruckus também tem planos para levar conectividade aos dispositivos de Internet das Coisas (IoT). Há um teste programado com equipamentos e conexão em um hotel em São Paulo, explicou Molinari.

“A gente tem trabalhado com IoT há seis meses.  Eu posso pegar um AP velho e colocar um modelo da Ruckus para trabalhar em IoT. Esperamos levar para um grande hotel de São Paulo com fechadura e iluminação inteligente. Talvez no centro de convenção também colocaremos dispositivos conectados à rede sem fio”.

Por trás do Wi-Fi 6

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“O Wi-Fi 6 foca em maior capacidade de dados e densidade de usuários, e em redes congestionadas”, disse Hamilton Mattias, diretor de produtos da Qualcomm na América Latina

Recentemente, a Qualcomm apresentou um workshop sobre Wi-Fi 6 para a imprensa em São Paulo. Ao apresentar o seu chip (IPQ 807xA de 25 Gbps de conexão) que está embarcado nos dispositivos da Ruckus, a fornecedora destacou os benefícios do Wi-Fi 6 para segmentos com grande densidade.

“O Wi-Fi 6 foca em maior capacidade de dados e densidade de usuários, e em redes congestionadas, e funciona bem em áreas urbanas, como parques, grandes empresas, estádios, condomínios, até casas conectadas. O Wi-Fi 6 busca mais eficiência”, disse Hamilton Mattias, diretor de marketing de produtos da Qualcomm na América Latina. “É um padrão que começou a ser escrito em 2014. Consegue crescer quatro vezes em capacidade, em comparação à atual, pois tenho um protocolo mais eficiente”.

Matias ressaltou ainda uma melhora de 40% em velocidade de acesso. Outros destaques são: 8×8 MU (suporte multiusuário de quatro para oito usuários do Wi-Fi 5 para o Wi-Fi 6) – MIMO, 8×8 Sounding, OFDMA, Resource Scheduling, segurança com WPA3, Target Wake Time (TWT) – acorda apenas quando precisa se comunicar com equipamento, o que dá uma economia de 67% na energia elétrica (em KWh).

“Muitos clientes querem usar os benefícios de Wi-Fi 6. A forma de acesso ao meio físico (OFDMA), que é o ar, foi modificada. Ele consegue entregar uma banda maior de usuários. Conseguimos chegar a 4,8 GHz de throughput. Ele tem uma porta de 5 GHz de Internet”, disse Molinari.

Próximos passos

Pelo lado da Qualcomm, Mattias explicou que uma dúzia de smartphones aptos ao Wi-Fi 6 devem chegar ao mercado até o final do ano, inclusive para o Brasil. O diretor espera a certificação dos equipamentos de rede para casa até o final de 2019 e os equipamentos em 2020.

Atualmente, apenas os equipamentos para o segmento corporativo têm certificação. Os pontos de rede que estão disponíveis no mercado, no momento, possuem um selo de pré-padronização.

O executivo da Ruckus ainda acredita em uma mescla do Wi-Fi com redes celulares (4G e 5G). Com isso, ele crê que as operadoras podem vender, no futuro, um pacote com as duas tecnologias combinadas.

O diretor da Qualcomm também espera extensão do espectro não-licenciado para a faixa entre 5,9 GHz e 7 GHz: assim, o equipamento poderia atuar na frequência de 6 GHz. Ressaltou que a conversa já está avançada com o FCC nos Estados Unidos para ser aprovada ainda em 2019 e em conversas iniciais com a Anatel para reservar a frequência.

 

 

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