| Originalmente publicado no Teletime | O governo brasileiro, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), assinou um memorando de entendimento com a fornecedora Cisco para uma iniciativa de transformação digital. O acordo de colaboração foi assinado em cerimônia online por executivos da Cisco, pelo ministro Marcos Pontes e outros representantes da pasta nesta quarta-feira, 27, e foi batizado de “MCTIC e Cisco: Acelerando a Transformação Digital”.

Entre pelo menos 32 projetos de aceleração de processos de digitalização, um dos mencionados é uma parceria com o Ministério para a criação de uma plataforma de big data e analytics para monitorar e gerar insights de iniciativas de pesquisa e desenvolvimento no País, o Torres MCTIC. Nesse caso, a fornecedora trabalha para criar uma plataforma que será aberta, com APIs disponíveis para outras entidades, e com previsão de protótipo em três meses.

O acordo MCTIC e Cisco: Acelerando a Transformação Digital não tem contrapartida do governo em termos de investimento ou contratação. Do lado da Cisco, a empresa afirma que fará investimentos em áreas que o governo entenda que possam ser mais interessantes para o País, incluindo o cruzamento com políticas públicas já lançadas, como o Plano Nacional de IoT, a Estratégia Nacional de Transformação Digital e a Estratégia Nacional de Cibersegurança. No entanto, a fornecedora não divulgou valores de investimento.

Os pilares do programa são Indústria 4.0, educação, governo digital, desenvolver talentos, fomentar inovação, infraestrutura digital, Iniciativas de reposta à Covid-19 e cibersegurança. Segundo o presidente da Cisco, Laércio Albuquerque, “o programa é de longo prazo, e a primeira fase é de três anos”. Mas a empresa diz que nada impede a prorrogação.

A parceria com o MCTIC é também parte do programa global Country Digital Acceleration (CDA), batizado de Brasil Digital e Inclusivo, e lançado também nesta quarta-feira pela Cisco. “Por meio da iniciativa, vamos promover a cooperação estruturada entre o Ministério e a Cisco em áreas de interesse de toda a sociedade brasileira”, declarou o secretário de telecomunicações do MCTIC, Vitor Menezes.

Áreas de investimento

Conforme explica o diretor de políticas públicas da Cisco do Brasil, Giuseppe Marrara, a companhia se compromete a compartilhar informação em áreas que acredita poder trazer impacto à sociedade. “A Cisco se propõe a investir nessas áreas, com projetos em transformação digital em alinhamento com ministério. Não vou investir em uma iniciativa que o Ministério diga que não é parte das iniciativas do País”, declara, afirmando que haverá “muito diálogo” com a pasta.

“Não envolverá compras governamentais – passadas, futuras ou presentes -, nenhuma aquisição ou contrapartida financeira sairá do acordo”, destaca Marrara. No caso de o governo entender que determinada iniciativa poderá valer em escala mais ampla, aí sim, haveria uma licitação pública, na qual a Cisco afirma que trabalhará “em questões de igualdade”

De acordo com o executivo, a Cisco tem um interesse comercial de longo prazo ao promover a digitalização, o acesso e a economia, gerando uma “espiral positiva” para o tráfego da Internet, que é onde a fornecedora atua. “Ao longo de 10 anos, vai refletir no índice de digitalização do Brasil, o que no fim é muito importante para a Cisco”, justifica.

Iniciativas

  • Batizado oficialmente de “Plataforma de Monitoramento do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação”, o objetivo do Torres MCTIC é desenvolver uma solução para dar suporte ao monitoramento, gestão e definição de políticas públicas no País. Para tanto, utilizará algoritmos de inteligência artificial e machine learning para identificar e congregar dados sobre programas, ações, iniciativas e atores, públicos e privados, envolvidos em pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação. O secretário de empreendedorismo do MCTIC, Paulo Alvim, diz que a Torres MCTIC é uma continuidade de parceria de cooperação técnica com a empresa. “A parceria com a Cisco vai permitir construção da plataforma digital a várias mãos, no sentido de trazer mais transparência ao uso da infraestrutura”.
  • Na questão de segurança, a companhia deverá investir na construção de um Conselho de Inovação em Cibersegurança no Brasil em parceria com a Organização dos Estados Americanos (OEA), com objetivo de trocar melhores práticas e colaboração no tema. Essa iniciativa estará ligada à plataforma de capacitação Cisco Network Academy, que deverá “impactar” 7 mil jovens no País. A companhia pretende assim prover uma forma de colaboração com outras empresas e setores. para discutir ameaças e soluções.
  • A empresa ainda tem a saúde como objetivo, apoiando instituições de saúde e disponibilizando tecnologia de teleatendimento entre médicos e pacientes. Além disso, a Cisco vem disponibilizando infraestrutura tecnológica para alguns hospitais de campanha montados para atendimento de pacientes da Covid-19.

Parcerias

Parcerias com outros players, como operadoras de telecomunicações e mais empresas e instituições públicas, estão no escopo do projeto. Diretor de transformação digital da Cisco, Rodrigo Uchoa diz que tem mais de 10 acordos para serem assinados, mas que só serão divulgados após a oficialização, nos próximos meses.

Uchoa diz que a utilização do programa CDA na Índia resultou em um piloto que deu origem uma operadora. “No Brasil, estamos discutindo com uma operadora a possibilidade de implementar em uma cidade uma rede de telecom baseada em tecnologia de automação, já olhando para o futuro de que temos pela frente com migração para redes mais baseadas em software, automatizadas e com serviços de nuvem”, diz.

Mas Uchoa ressalta que essa parceria ainda não está fechada. “Nós seríamos responsáveis por financiar todo o projeto piloto. Mas também ajudando a operadora a entender como poder dar um salto para a rede transporte, 5G, utilizando essas tecnologias”.

 

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