A Claro alterou a divisão da receita com serviços de conteúdo móvel off-deck, ou seja, aqueles que não levam a marca da operadora mas utilizam o seu sistema de billing para a cobrança direta em conta ou nos créditos pré-pagos. A operadora, que antes ficava com 60%, passará a reter 70% da receita. Os agregadores e integradores, que até então recebiam 40%, agora terão direito a apenas 30% para dividirem entre si. Dessa parte, o agregador fica com 25% e o integrador com 5%. Nos casos em que o agregador se conecta diretamente à Claro, ele ficará com 30%.

A companhia informou aos parceiros que a modificação tem como objetivo alinhar os percentuais praticados pela Claro no Brasil com aqueles adotados pelas demais operadoras do grupo América Móvil no resto da América Latina. A nova divisão de receita passou a vigorar a partir deste mês de junho

Com a modificação, a Claro se torna a operadora que retém a maior participação na divisão de receita de conteúdo móvel no Brasil. As demais costumam ficar com 60%. Agregadores e integradores que atuam no Brasil ficaram insatisfeitos com a mudança. Uma fonte ouvida por este noticiário diz que a decisão da Claro já está impactando nos negócios: os agregadores estão reduzindo seu investimento em mídia na promoção dos serviços para os assinantes da Claro.

A operadora também decidiu padronizar a divisão da receita nos acordos de uso do seu sistema de billing para micropagamentos. A partir de agora a Claro ficará com 60% da receita dessas vendas. Os micropagamentos através do billind das operados costuma ser usado por aplicativos HTML5 e sites na web para a venda de bens virtuais.

Questionada sobre a nova divisão de receita, a companhia enviou o seguinte comunicado para MOBILE TIME: "A Claro segue as políticas de remuneração de parceiros do Grupo América Móvil e também está adequada às praticas do mercado local. Essas negociações não impactam o consumidor final dos produtos e serviços da operadora, mas temos como objetivo oferecer serviços com qualidade aos clientes Claro."

Análise

O alto percentual a favor das operadoras celulares na divisão da receita de conteúdo móvel é uma herança dos tempos pré-smartphone, quando vigorava um modelo conhecido como "walled garden", ou jardim cercado, em uma tradução livre. Eram tempos em que as operadoras podiam controlar completamente a distribuição de conteúdo para os celulares dos seus assinantes, pois geriam os únicos canais existentes para isso (SMS, portal WAP etc). Com o surgimento das lojas de aplicativos e com a possibilidade de acesso à Internet através de navegadores nos celulares, a tal cerca em volta do jardim caiu. Desenvolvedores encontraram novas formas de se relacionar diretamente com o consumidor, sem precisar negociar com as operadoras. Além disso, para atrair os desenvolvedores, as lojas de aplicativos adotaram uma divisão de receita na qual o maior beneficiário é o provedor do conteúdo, recebendo este 70% da receita, ou seja, uma proporção inversa àquela que praticavam as operadoras.

Cabe lembrar que ainda há muitos feature phones na América Latina, que continuam consumindo conteúdo móvel dentro dos portais das operadoras. Porém, a tendência é de queda dessa base, enquanto aumenta aquela de smartphones.

 

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