O WhatsApp lançou uma campanha de mídia para orientar seus usuários no combate à distribuição de notícias falsas no Brasil. Na edição desta segunda-feira, 27, do jornal carioca O Globo, o WhatsApp assina uma página inteira com dicas sobre o assunto.
“Procure sinais que te ajudem a julgar se uma informação é falsa. Por exemplo, mensagens encaminhadas de fonte desconhecida, falta de evidências ou mensagens cujo único propósito é o de irritar e incitar a violência. Estes são sinais claros de que uma história pode não ser verdadeira. E lembre-se: fotos, vídeos e até áudios podem ser manipulados para tentar te enganar”, diz o anúncio. Em seguida, recomenda que o usuário realize buscas online para verificar a veracidade de um conteúdo. E, caso constatado que se trata de uma notícia falsa, aconselha que o remetente da informação seja avisado, para que o compartilhamento seja suspenso.
Análise
É a primeira vez que Mobile Time tem conhecimento de uma campanha de mídia realizada pelo WhatsApp no Brasil. A preocupação com a distribuição de notícias falsas tem fundamento. O WhatsApp é o app de mensagens mais popular do Brasil, instalado em mais de 95% dos smartphones brasileiros, de acordo com a mais recente pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria móvel. Isso o torna o canal preferido para quem quer espalhar mentiras, o que pode ser especialmente danoso para a democracia neste período eleitoral.
Esta não é a única iniciativa do WhatsApp no combate à distribuição de notícias falsas. Recentemente, o app passou a marcar as mensagens encaminhadas e também limitou a quantidade de grupos para os quais uma mensagem pode ser enviada simultaneamente.
O engajamento do WhatsApp serve também como uma forma de proteção contra eventuais ações judiciais que venham a pedir o seu bloqueio, agora com base na legislação eleitoral. Nos últimos anos, o app foi bloqueado algumas vezes por ordem da Justiça em ações na primeira instância, mas por razão da dificuldade de acesso ao conteúdo de mensagens trocadas por criminosos.
Vale lembrar que o WhatsApp enfrentou problemas sérios na Índia, seu maior mercado, onde várias pessoas foram linchadas na rua este ano confundidas com sequestradores de crianças depois de notícias falsas se espalharem através do aplicativo. O assunto virou matéria no New York Times há poucas semanas.
E houve um caso recente no Rio de Janeiro: um vídeo do governador Luiz Fernando Pezão pegando carona em um carro com três jovens, no interior do estado, viralizou via WhatsApp com a informação de que seriam milicianos. O jornal O Globo conseguiu identificar e entrevistar as pessoas que aparecem no vídeo e constatou que não são milicianos, mas trabalhadores comuns. Difícil medir, contudo, a extensão do dano causado à imagem de Pezão.