O Reino Unido decidiu nesta terça-feira, 28, que os equipamentos da Huawei poderão ser usados nas redes 5G britânicas, porém com um papel limitado. A chinesa será proibida de fornecer kit para “partes sensíveis” da rede, ou o “core”, e terá a permissão de responder por 35% do kit na periferia da rede, o que inclui torres e antenas de rádio, por exemplo. Porém, em áreas próximas a bases militares e instalações nucleares, por exemplo, a Huawei não terá permissão.
“Estamos estabelecendo um dos regimes mais fortes de segurança das telecomunicações do mundo”, disse o secretário de relações exteriores, Dominic Raab em reunião na Câmara dos Comuns.
Até a última segunda-feira, 27, os Estados Unidos estavam fazendo forte pressão para que a Grã-Bretanha banisse a Huawei. Segundo o site da BBC, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, havia sugerido que o uso dos equipamentos da Huawei representava um sério risco de espionagem e afirmou que os Estados Unidos não seriam capazes de compartilhar informações com nações que as colocam em seus “sistemas de informações críticas”.
Porém, o secretário de relações exteriores, Dominic Raab, disse que a decisão não afetaria a relação de compartilhamento de inteligência do Reino Unido com os EUA e outros aliados próximos. “Nada desta decisão afeta a capacidade deste país de compartilhar dados de inteligência altamente sensíveis em redes altamente seguras, tanto no Reino Unido quanto em nossos parceiros, incluindo o Five Eyes”, disse o ministro à Câmara dos Comuns.
As autoridades temiam que a proibição total da Huawei pudesse atrasar a implantação do 5G em dois ou três anos, aumentar o custo para os consumidores e prejudicar o crescimento econômico.
O limite de 35% será aplicado às redes 5G e fibra – e os provedores de telecomunicações terão três anos para cumprir a nova regra, garantindo que eles não sejam excessivamente dependentes da Huawei.
Em nota à imprensa, o chefe da Huawei no Reino Unido, Victor Zhang, disse que a empresa está “tranquilizada pela confirmação do governo do Reino Unido de que podemos continuar trabalhando com nossos clientes para manter o lançamento do 5G nos trilhos. Dá ao Reino Unido acesso à tecnologia líder mundial e garante um mercado competitivo”.
Repercussão
Um funcionário do governo Trump disse que os EUA “estão decepcionados” com a decisão.
Pequim havia alertado o Reino Unido de que poderia haver repercussões “substanciais” em outros planos de comércio e investimento, caso a empresa fosse banida completamente.
Reduzir a dependência
Segundo a BBC, três em cada quatro das redes móveis do Reino Unido já haviam decidido usar e implantar os produtos 5G da Huawei fora do núcleo, na “periferia”. Dois deles – Vodafone e EE – precisarão reduzir sua dependência do fornecedor, pois mais de 35% de seus equipamentos de rede de acesso via rádio existentes foram fabricados pela chinesa. De acordo com um relatório do governo publicado em junho passado, a Huawei atualmente possui uma participação de 45% desse mercado.
O governo britânico informou que, atualmente, o Reino Unido depende basicamente de três fornecedores: a chinesa Huawei, a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia.
“Precisamos diversificar significativamente o mercado no Reino Unido, a fim de termos uma base de suprimentos mais robusta para permitir a segurança a longo prazo das redes do Reino Unido e garantir que não acabemos nacionalmente dependentes de nenhum fornecedor”, disse o diretor técnico do National Cyber Security Centre (NCSC), Ian Levy.
As novas regras ainda precisam ser debatidas e aprovadas pelos deputados.