Imagine implantar no seu corpo uma cápsula com medicamento de emergência que é aberta automaticamente quando você tem um ataque cardíaco? Esta é uma das previsões para os próximos cinco a dez anos na medicina e na saúde apresentadas por especialistas em um painel no Mobile World Congress, nesta quarta-feira, 28, em Barcelona.

“Muita gente morre após um infarto porque não recebe o medicamento correto nas primeiras três horas”, disse Oksana Pyzik, professora da escola de farmácia da UCL, e entusiasta da possibilidade de se implantar medicamentos no corpo das pessoas que tiverem maior risco de infartos ou outras ocorrências de saúde potencialmente fatais. Todavia, preocupações com segurança podem atrasar a aprovação dessa ideia por parte de órgãos reguladores nacionais.

Outra previsão é a de que no futuro será normal termos uma pontuação pessoal para a nossa saúde tanto quanto hoje temos um score de crédito. Esses dados serão coletados a partir dos telefones móveis, dos wearable devices e de vários outros biosensores ao nosso redor. Tais informações serão usadas pelas seguradoras para reduzir seus custos com sinistros – ou para calcular o valor do seguro. A previsão é de Peter Ohnemus, CEO da Dacadoo, uma empresa que trabalha justamente com health score. Há, contudo, questionamentos de ordem ética sobre o tema. “O que aconteceria com uma pessoa que nasce com uma doença? Ela já nasceria com uma pontuação baixa e um custo de plano de saúde mais alto que as outras?”, perguntou Pyzik.

Paralelamente, espera-se também que a coleta e o compartilhamento de dados de saúde poderão ser usados pelos próprios cidadãos como moeda de troca com grandes corporações que desejam tais informações. Ou seja, acredita-se que as pessoas vão querer vender seus próprios dados de saúde em troca de recompensas. “Basicamente vão ganhar dinheiro apenas por estarem vivas”, disse Sajid Rahman, CEO da Telenor Health e autor da previsão.

Por fim, projeta-se que no futuro haverá cirurgias feitas remotamente por robôs com inteligência artificial – não por humanos controlando robôs à distância, pois isso já existe hoje. Esses cirurgiões-robôs seriam aplicados inicialmente no campo de batalha, para fins militares. Com inteligência artificial, seriam capazes de identificar soldados e civis feridos e tratá-los imediatamente. O autor da previsão, Asher Hasan, fundador da start-up docHERs, entretanto, não acredita que os robôs serão 100% autônomos. “Eles farão 90% do trabalho, mas ainda precisarão ser minimamente assistidos por humanos remotamente”, acredita.

 

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