O problema de falta de cobertura das operadoras móveis está com os dias contados. É o que promete a tecnologia patenteada pela norte-americana Lynk, que torna possível a qualquer smartphone, de qualquer operadora ou fabricante, se conectar diretamente a um satélite para chamadas de voz ou tráfego de dados.

“Todos os smartphones são endpoints para os nossos satélites. O usuário não precisa fazer nada com seu telefone. Não precisa trocar para o modelo mais recente. Nem apontar o aparelho para o céu”, afirmou Daniel Dooley, ex-presidente da operadora norte-americana Sprint e atual Chief Commercial Officer da Lynk, em painel no Mobile World Congress (MWC 20223), em Barcelona, nesta terça-feira, 27.

A Lynk vem realizando testes com satélites de baixa órbita e que se comunicam com os smartphones na Terra usando o espectro das operadoras. “É como ter uma ERB em órbita”, comparou o executivo.

A empresa informa que já realizou testes bem sucedidos com aparelhos diversos (feature phones, smartphones, carros, sensores de IoT etc) em 19 países e com dezenas de operadoras. “Funciona em qualquer dispositivo no padrão 3GPP”, garantiu.

Especificamente nos EUA,  foram feitos testes com autorização da FCC com duas operadoras móveis nacionais e não foi constatada nenhuma interferência em outros serviços sem fio, disse Dooley.

A ideia da Lynk é de negociar contratos diretamente com as operadoras. Estas decidirão como oferecer ao consumidor final a conectividade satelital. Uma das possibilidades é ser um produto premium exclusivo para clientes pós-pagos, por exemplo. Entre as vantagens para as teles, o CCO lista: cobertura de 100% do território de um país, incluindo a zona marítima exclusiva; manutenção do serviço móvel mesmo durante catástrofes naturais; e aceleração do refarming de outras faixas para o 5G, mantendo serviços legados via satélite.

Hoje a Lynk opera três torres no espaço, divididas entre múltiplos satélites de baixa órbita. A mais recente, lançada em janeiro deste ano, é a primeira a trabalhar com 5G. 

Análise

A convergência entre satélites e redes móveis é uma das principais tendências atuais no setor de telecomunicações. Antes restrita como alternativa para backhaul, a comunicação satelital está aprofundando sua relação com os serviços móveis. A primeira novidade comercial nesse sentido partiu da Apple, que incorporou em seu iPhone 14 a possibilidade de serviços de comunicação de emergência via satélite.  Depois, foi a vez de Qualcomm e Iridium anunciarem uma parceria para levar esse mesmo recurso para chipsets em smartphones Android. E há diversas experiências de construção de redes não terrestres (NTN) para o 5G usando satélite. A solução da Lynk, porém, tem potencial de superar todas as outras, porque funciona com a base existente de celulares. Entretanto, como em qualquer negócio, seu sucesso comercial vai depender do custo. Se for muito cara, a conta não vai fechar.

 

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