A Kunlun, empresa dona do Grindr (Android, iOS), app de relacionamento usado pela comunidade LGBTI, está sofrendo pressões por parte do Comitê de Investimentos Estrangeiros dos Estados Unidos (CFIUS na sigla em inglês) para ser vendido por motivos de segurança nacional.
O Grindr é um app que foi criado nos Estados Unidos e hoje conta com mais de 27 milhões de usuários. Em 2016, foi vendido em parte à empresa chinesa Beijing Kunlun Tech Co. Ltda. Em 2018 eles concluíram a venda total do app.
O CFIUS informou à Kunlun que a propriedade do Grindr, sediada em West Hollywood, na Califórnia, constitui um risco à segurança nacional dos Estados Unidos, disseram duas fontes à Reuters.
A agência de notícias não sabe especificar quais são as principais preocupações do comitê, mas o governo Trump vem investigando cada vez mais desenvolvedores de apps preocupados com a segurança dos dados das pessoas de quem os instala, em especial de militares ou de funcionários da inteligência norte-americana.
Em agosto passado, a chinesa Kunlun havia acenado sua preparação para uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) do Grindr. Mas com a pressão do CFIUS, a empresa quer, agora, vender o aplicativo.
O jornalista Casey Newton, do site The Verge, especula que os Estados Unidos passaram a se preocupar com o app de relacionamento LGBTI por conta dos dados confidenciais que ele armazena. Há informações sensíveis como se o usuário é ou não portador do vírus HIV, fotos e vídeos de usuários nus, trocas de mensagens e localização em tempo real medida em metros. Tudo isso ligado a um endereço de email do dono da conta no aplicativo.
O Grindr contratou o banco de investimento Cowen Inc. para administrar o processo de venda e está procurando por interessados em empresas de investimento dos EUA, bem como de concorrentes do app, de acordo com as fontes da Reuters.
A Kunlun assumiu o Grindr através de dois acordos separados entre 2016 e 2018 sem submeter a aquisição para revisão do CFIUS, de acordo com as fontes, tornando-o vulnerável a tal intervenção.