Oito em cada dez transações bancárias (financeiras e não financeiras) no Brasil de 2022 foram em canais digitais, sendo que o mobile é o amplo líder neste espaço com dois terços dessas transações. Os dados são da pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2023, apresentada nesta quarta-feira, 28, durante o Febraban Tech.

Ao todo, o segmento bancário brasileiro teve 163 bilhões de movimentações, um crescimento de 30% contra 125 bilhões em 2021. Considerando apenas o mobile, foram 107 bilhões de operações, incremento de 54% contra 70 bilhões no ano anterior. Dessas transações móveis, 86 bilhões foram sem finanças envolvidas e 21 milhões com finanças.

Mas os números não são um sinal de consolidação ou limpeza da base, explicou Sergio Biagini, sócio-líder da Deloitte para a indústria de serviços financeiros, responsável pela pesquisa, mas, sim, uma redução no tamanho da amostra, de 23 bancos em 2021 para 18 na pesquisa de 2022.

Esses 18 bancos representam 86% dos ativos financeiros nacionais, entre abril e maio de 2023.

Contas digitais

Em contas digitais, a pesquisa teve resposta de 13 bancos que revelaram um total de 469 milhões de contas ativas no Brasil, ou seja, mais que o dobro da população brasileira. Rodrigo Mulinari, diretor do comitê de inovação e tecnologia da Febraban, afirmou que isso mostra que os consumidores brasileiros estão ficando “multibancarizados”.

Se considerar apenas o recorte mobile, são 208 milhões de contas ativas, 45% do total, sendo 196,5 milhões de pessoa física e 11 milhões pessoas jurídicas. Em PJ, 14% das contas móveis são de MEIs. Uma tendência que Mulinari acredita que deve aumentar nos próximos anos.

Consumo

A pesquisa revela ainda que, em média, o consumidor brasileiro faz 42 transações bancárias por mês no mobile. Quando separado por canal, a maioria das transações (70 bilhões) são de saldo e consulta, sendo que 86% ocorrem em dispositivos móveis. Mobile também lidera com 96% do total de transações Pix (11,7 bilhões).

Considerando apenas o crescimento dos serviços na operação móvel dos bancos, o Pix dobrou de tamanho no mobile, de 5,5 bilhões para 11,3 bilhões de operações. Saldos e extratos cresceram 67%, de 36,5 bilhões para 61 bilhões. Outro destaque é em consulta de investimentos com um incremento de 56%, de 255 milhões para 400 milhões.

WhatsApp e Seguros

Dois novos capítulos que a Febraban trouxe para a análise deste ano foram, o uso do WhatsApp dos bancos com seus clientes (sem o WhatsApp Pay) e seguros. A amostra com 18 bancos aponta que metade deles oferecia serviços pelo aplicativo de mensageria em 2022, mas o diretor do comitê de inovação da federação acredita que deve crescer nos próximos anos, assim como as transações.

Em operações bancárias, as companhias responderam um aumento de seis vezes nas operações, de 9 milhões em 2021 para 56 milhões no ano seguinte. Dessas operações, 37% foram Pix, 29% renegociações de dívidas, 24% consultas de saldo e extrato e 10% consultas de cartão de crédito.

Por sua vez, os seguros demonstram um avanço do mobile. Dos 55 milhões de produtos de seguros contratados pelos clientes junto aos bancos, 64% foram por mobile. Aqui os destaques são o seguro de transações digitais com 99% das 150 mil transações feitas em mobile banking, 37% das 12,5 milhões de seguros de crédito e 18% das 22 milhões de transações de seguro vida.

Mas Biagini não acredita que esses avanços estão ligados a tirar o cliente de um canal tradicional (como agência e ATM) e os levar para o mobile. Em sua visão, o avanço está mais na capacidade de ofertar esses produtos e serviços em canais onde o cliente quer estar.

 

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