A Embratel  propôs um desafio aos principais fornecedores de rede 5G: tornar possível a oferta de uma espécie de network slicing ao contrário. A rede seria usada para uma determinada aplicação somente quando estivesse ociosa. Ou seja, a prioridade seria o uso pelo público em geral, mas, quando sobrar capacidade, aconteceria a transmissão de dados para a aplicação contratada,  por um preço mais baixo que o normal. É como se fosse a ‘xepa’ da rede, comparou Cristiano Moreira, gerente de produtos 5G da operadora, durante o MPN Forum na última quinta-feira, 27, em São Paulo.

A ideia é vista como uma tropicalização do network slicing. Moreira espera que a solução esteja pronta para ser lançada em 2025.

Network slicing tradicional

O uso mais convencional do network slicing, ou seja, a garantia de uma capacidade de rede dedicada para uma empresa em uma determinada localidade ou para determinada aplicação, também será oferecido como um produto pela Embratel no ano que vem. Neste caso, obviamente, o preço é mais caro. Vários testes vêm sendo feitos, um deles com a Rede Globo, na transmissão de eventos ao vivo – o case foi apresentado no MPN Forum. “O modelo de negócios foi criado e agora estamos passando para uma fase de produtização para entregar isso de fim a fim”, disse.

Essas soluções farão parte da oferta de prateleira da companhia para o mercado de redes privativas, o Embratel One. Atualmente, as ofertas de rede privativa da operadora começam a partir de R$ 15 mil em um modelo que cobra por metro quadrado conectado, em uma estratégia mirando médias e pequenas empresas, além das grandes que desbravaram a tecnologia até então.

Oportunidades

Painel de redes privativa no MPN (crédito: Marcos Mesquita/Mobile Time)

A analista sênior da IDC, Audry Rojas, por sua vez, compara a oferta da Xepa de network slicing com o livre mercado de energia, ou seja, um ambiente comercial que dá aos seus participantes a opção de adquirirem energia elétrica de fontes alternativas às concessionárias de energia.

Para Paulo Bernardocki, diretor de soluções de rede da Ericsson, o network slicing se provou como tecnologia e as operadoras se veem muito confortáveis com seu uso. Portanto, o momento é para colocar o fatiamento de rede “como produto”. Disse ainda que o slicing não se sobrepõe à rede privativa, mas será uma “parte da caixa de ferramentas para se trabalhar como rede privativa”, inclusive como “mais uma opção de experimentação para as empresas”.

Por sua vez, Marco Szili, sócio-fundador da Telesys, lembrou que há barreiras no fatiamento de rede, como o fato de que a tecnologia depende exclusivamente do 5G para funcionar e que o 5G não está presente em todo território nacional e sua expansão é gradual. Portanto, a rede privativa 4G ainda é preferível em muitos casos.

Imagem principal: Cristiano Moreira, gerente de produtos 5G da Embratel. Crédito: Marcus Mesquita/Mobile Time