Guru

Felipe Catão, Tom Bernardes e Marcelo Zuppardo, cofundadores da startup Guru. Foto: divulgação

Democratizar a compra e venda de ações na Bolsa de Valores através de um aplicativo móvel: esse é objetivo da startup brasileira Guru (Android, iOS). Inspirada na experiência da norte-americana Robinhood e tendo o Nubank como modelo de usabilidade e de disrupção, a Guru foi lançada em maio de 2020 e conseguiu em apenas um ano de operação alcançar as marcas de 350 mil downloads, 100 mil usuários ativos mensais (MAUs, na sigla em inglês) e 30 mil usuários ativos diários (DAUs).

“Todo mundo acha complexo ou tem medo de investir em ações. Eu quero que mais pessoas invistam na Bolsa. Quando analisei o mercado em 2018 percebi que era muito parecido com aquele de 2007, quando comecei a investir como trader solitário: as mesmas corretoras, taxas de corretagem, discursos etc. E as mesmas tecnologias e interface legadas. As corretoras em 2018 pareciam os bancos em 2013, quando o Nubank surgiu”, relata Felipe Catão, cofundador da Guru, em conversa com Mobile Time. Ele então arregimentou mais dois sócios para sua empreitada: Tom Bernardes, para cuidar da parte de tecnologia, e Marcelo Zuppardo, para pensar o branding e o marketing. 

A Guru nasceu como uma “techfin”, ou seja, como uma startup de tecnologia em primeiro lugar. E, no seu caso, a tecnologia está a serviço da experiência do usuário. Antes de começar a vender ações, se lançou como um agregador de informações para o investidor individual. O app puxa os dados do Canal Eletrônico do Investidor (CEI) da B3, apresenta as cotações em tempo real e reúne notícias relevantes do mercado de diversas fontes confiáveis. “As pessoas visitam suas corretoras para negociar, mas passam o dia com a gente para aprender. Entram em média quatro vezes por dia no app e passam 20 minutos por semana na Guru”, relata.

Para construir a experiência da Guru, a empresa desenvolveu até agora 65 softwares proprietários. Sua equipe de TI é dividida em squads para Android e iOS e não para de crescer.

Ações, criptomoedas e funcionalidades premium

O novo passo da startup agora é oferecer no app a compra e venda de ações listadas na B3. Como conseguir a autorização para tanto é um processo demorado, a empresa optou por fechar parceria com uma corretora, a Ideal. A Guru funciona como interface para o onboarding, emissão de ordens de compras e venda, e acompanhamento dos papéis, enquanto a conta de investimento fica na Ideal, responsável pelas operações na Bolsa. O serviço é oferecido sem taxa de corretagem.

Por enquanto, essa funcionalidade está disponível para um grupo restrito de cerca de 400 usuários, entre funcionários, amigos e familiares. Foi aberta uma lista de espera que já tem mais de 11 mil pessoas. A possibilidade de compra e venda de ações pelo app deve ser liberada aos poucos para todos dentro de dois meses. A ideia é conseguir entre 20 mil e 25 mil contas transacionais ao longo dos próximos meses.

A Guru planeja também vender criptomoedas, como Bitcoin e Ethereum. Nesta semana começou a incluir informações sobre esse mercado no app e até o final do ano vai iniciar a comercialização, também através de uma parceria.

Além disso, a startup lançará, ainda este ano, algumas funcionalidades premium, pelas quais vai cobrar separadamente. Uma das opções em estudo é a apresentação de relatórios sobre a rentabilidade da carteira do investidor e sua comparação com diversos indicadores do mercado.

Catão reforça que o foco seguirá sendo em renda variável. Ele não quer repetir o erro de outras empresas que acabam se perdendo no lançamento de diversos produtos financeiros de renda fixa e variável, poluindo a interface dos seus apps e atrapalhando a experiência do usuário.

Futuro

A Guru passou recentemente por uma rodada de investimento na qual levantou R$ 12 milhões. 65% desse valor será investido no aumento da equipe, principalmente a de tecnologia. Hoje, a empresa tem 35 funcionários e quer chegar a 50 até o fim do ano. 

Uma outra rodada deve começar a ser estudada ainda este ano. Catão diz que a intenção dos sócios não é vender a companhia, mas seguirem em frente talvez até um IPO no futuro. De todo modo, não fecham as portas para eventuais oportunidades que surjam.

 

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