A exigência de inclusão até dezembro de 2014 de pelo menos 50 apps nacionais nos smartphones desonerados pela Lei Do Bem agradou ao mercado brasileiro de desenvolvedores móveis. Contudo, existe uma preocupação entre os players deste segmento de que os fabricantes deem preferência para títulos fornecidos por grandes marcas, como bancos, emissoras de TV, portais de Internet etc, que poderiam até mesmo pagar para ter espaço garantido nos smartphones, pois contam com verba de marketing para divulgação de seus aplicativos. "Espero que não vire um leilão. Isso não me deixaria feliz. Esta é uma oportunidade de divulgarmos apps úteis. Não se pode cair na armadilha de virar venda de anúncio", comenta Breno Masi, diretor de produtos da Movile.

O modelo de negócios entre fabricantes e desenvolvedores para o pacote mínimo de apps ainda não está claro. O mais provável é que predomine uma relação de ganha-ganha, ou seja, os desenvolvedores forneceriam seus apps de graça, em troca da visibilidade, e os fabricantes não cobrariam nada porque precisam atender à exigência do governo para garantir a desoneração.

Existe também a possibilidade de os fabricantes pagarem para ter apps com exclusividade em seus aparelhos. Esse é o maior desejo dos desenvolvedores de pequeno e médio porte. "Seria excelente. Mas é uma negociação cuidadosa. O desenvolvedor tem que fazer a conta de quanto faturaria se não tivesse exclusividade. Depende muito do market share do fabricante", avalia Leo Gmeiner, sócio-diretor da Intuitive Appz.

A esperança é que os fabricantes comecem a usar os aplicativos como forma de se diferenciarem dos concorrentes. Isso ganha cada vez mais importância no ecossistema Android, onde há muitos modelos de smartphones similares em termos de hardware. "Os devices são muito parecidos. Hoje o hardware é um hospedeiro. Acredito que os fabricantes vão negociar exclusividades (de apps)", analisa Masi, da Movile.

Canal

Embora contentes com a portaria publicada pelo governo, pequenos desenvolvedores reclamam da dificuldade de comunicação com os fabricantes para apresentarem seus produtos. "Como vamos enviar apps para serem avaliados pelos fabricantes? O maior problema é a falta de um canal de comunicação com eles", comenta Leandro Neves, sócio-diretor da alagoana Ilhasoft.

Os três desenvolvedores entrevistados por MOBILE TIME torcem para que seus apps interessem aos fabricantes. A Movile montou um pacote com cerca de dez títulos e já iniciou negociações com alguns fabricantes. Nas lista há vários utilitários, como um app de localização de redes Wi-Fi abertas e outro de controle de chamadas. A Ilhasoft aposta no interesse pelo seu app CrowdMobi, que monitora para o usuário a quantidade de chamadas realizadas, o tráfego de dados e a qualidade da rede das operadoras. Além disso, a empresa alagoana tem um app em parceria com a Unicef para facilitar denúncias de violação de direitos das crianças. A Intuitve Appz, por sua vez, desenvolveu um instalador remoto de aplicativos, que pode ser usado pelos fabricantes para o acesso aos apps que vão compor seus pacotes básicos.

 

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