Os serviços de streaming brasileiros terão uma janela até 2021 para explorar e ganhar terreno antes de grandes players como a Disney entrarem no mercado no País, como prevê Luis Mauricio Bonilauri, diretor geral na área de comunicações, mídia e alta tecnologia na Accenture. De acordo com o especialista, o próximo biênio terá uma disputa muito forte em mercado maduros, em especial nos Estados Unidos:
“É uma briga de cachorro grande. Nos próximos dois anos, a disputa nos SVODs vai ficar muito nos grandes mercados. EUA principalmente. Então, o momento é de uma janela e uma oportunidade para os players locais. Mas requer inovação e trazer conteúdo relevante, além de criar um conteúdo relevante”.
Bonilauri acredita ainda que haverá um período de consolidação no mercado de streaming. O executivo prevê que não haverá um cenário com cinco ou seis grandes empresas neste segmento, mas apenas duas ou três, o que dará um espaço para companhias locais assumirem posições de destaque.
Georgia Jordan, analista de mercado da Kagan, lembrou que o movimento de consolidação está acontecendo nos Estados Unidos, com muitos serviços fechando suas operações ou alternando para um modelo nichado: “O que vemos no mercado norte-americano é que há muita oferta de OTT e ele está se saturado, com muitos serviços fechando as portas. Outros, porém, começam a entrar no conteúdo de nicho. E, nesse mercado, existem oportunidades”.
Sem revelar o nome de seu cliente, o CEO da Lotier International, Anwar Nassar, disse que criou dois OTTs com uma operadora africana: “Era um pacote para o segmento premium com canais lineares e conteúdo de alto valor; e outro com micropacotes para usuários móveis de pré-pago. O perfil desse público pré-pago era dividido por nichos, como conteúdo de filme, games e religião. A aderência foi maior nos micropacotes ante o premium”.
Estudo
Durante sua passagem pelo SET Expo, nesta quarta-feira, 28, em São Paulo, o diretor da Accenture apresentou dados de uma pesquisa recente da companhia sobre o mercado de OTTs no Brasil. Feito com 953 pessoas com mais de 18 anos de idade, o documento revelou que 48% dos assinantes de serviços de vídeo acreditam que estão pagando por conteúdo que não lhe interessam.
Outro dado interessante é o crescimento de 11 pontos percentuais na adoção de serviços de vídeo sob demanda (SVOD), de 38% para 49%, na comparação entre 2018 e 2019. Também se registrou uma queda de 1 p.p. em consumidores dispostos a pagar para remover anúncios de seus vídeos, de 40% para 39%.
“O apetite do consumidor para pagar e remover anúncios está em queda. As pessoas estão se habituando a consumir vídeos com publicidade anunciada”, analisou Bonilauri. “Isso mostra que o modelo publicitário pode coexistir com o modelo premium. O YouTube é um bom exemplo disso”.