As autoridades francesas soltaram da prisão o CEO e fundador do Telegram, Pavel Durov, nesta quarta-feira, 28. Após ser questionado quatro dias seguidos pelos policiais sob a acusação de que o aplicativo de mensageria é usado para atividades ilegais, os procuradores afirmaram que o fim da averiguação não libera o executivo de responder judicialmente a uma série de acusações, informou a Associated Press.
Em nota à agência de notícias, o escritório da Procuradoria de Paris informou que Durov será levado para o Tribunal onde possivelmente será indiciado. Pesa contra o CEO um conjunto de 12 acusações, como associação criminosa, recusa em apoiar as autoridades francesas e cumplicidade em crimes digitais, como:
- Armazenamento e distribuição de conteúdo de abuso sexual infantil;
- Facilitação do tráfico de drogas;
- Facilitação de fraudes organizadas e outras transações ilegais.
A prisão de Durov, um cidadão franco-russo, tem sido motivo de troca de farpas no campo diplomático. Autoridades do governo e da mídia russa acusam a ação de ser motivada politicamente pela guerra contra a Ucrânia. Mas vale lembrar, os próprios russos tentaram bloquear o app em 2018.
O presidente francês Emmanuel Macron afirmou que o motivo da prisão não é político. Saiu em defesa da Justiça francesa o líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, que parabenizou os franceses por serem estritos contra aqueles que violam a governança da Internet. No território iraniano o Telegram é proibido, embora siga amplamente usado pela população.
Relembre o caso do CEO do Telegram
Pavel Durov foi preso pelas autoridades francesas no último sábado, 24, no momento em que o seu jatinho privado aterrissou no aeroporto de Bourget, em Paris, vindo do Azerbaijão. Em resposta, o Telegram afirmou que é um “absurdo” o argumento de que a plataforma e seus proprietários são responsáveis pelos abusos que acontecem nela.
Com o esclarecimento da justiça francesa na última segunda-feira, 27, se sabe agora que Durov não é acusado de descumprir o Ato de Serviços Digitais (DSA, na sigla em inglês) da Europa, mas responde a uma investigação criminal.
Emmanuel Macron, presidente da França, também fez questão de dizer à imprensa que o CEO do app de mensageria não foi preso por questões políticas. Em uma publicação no X, Macron disse que a França é “mais do que nunca comprometida com a liberdade de expressão e de comunicação, a inovação e o espírito empreendedor”. E continuou: Em um Estado de direito, tanto nas redes sociais quanto na vida real, as liberdades são exercidas dentro de um quadro estabelecido pela lei para proteger os cidadãos e respeitar seus direitos fundamentais. Cabe à justiça, com total independência, garantir o cumprimento da lei”.
I have seen false information regarding France following the arrest of Pavel Durov.
France is deeply committed to freedom of expression and communication, to innovation, and to the spirit of entrepreneurship. It will remain so.
In a state governed by the rule of law,…
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) August 26, 2024
Imagem principal: Pavel Durov, CEO do Telegram (Crédito: TechCrunch Disrupt)