Tradicionalmente, o Brasil faz parte do último grupo de mercados a receber as novidades da Apple em mobilidade. O País entra no grupo chamado de "resto do mundo" pela Apple. Os novos iPhones, por exemplo, sempre chegam antes nas lojas dos EUA, Europa, alguns países de língua inglesa, como Austrália, e mercados maduros da Ásia, como Japão e Cingapura. Mas talvez o cronograma mude com o Apple Pay, serviço de pagamento por proximidade e autenticação pela impressão digital recém-lançado pela Apple nos EUA. A princípio, a empresa informou apenas que levará o Apple Pay para "outros mercados" a partir do ano que vem, sem detalhar quais. O Brasil teria a chance de passar a frente de vários mercados por causa de uma característica especial: o fato de ter o maior parque de terminais de POS habilitados a receber pagamento com a tecnologia NFC. São cerca de 1,5 milhão de máquinas prontas para aceitar transações por proximidade espalhadas pelo País nas principais redes de adquirência.

"Ter um parque de terminais POS com NFC é premissa básica para o lançamento desse serviço. Não adianta lançar  em um país sem essa base. E a Apple não consegue fazer isso sozinha. Pode  ser um diferencial a favor do Brasil", comenta o diretor sênior para produtos digitais da Mastercard no Brasil, Marcelo Theodoro. O executivo destaca ainda a crescente popularização de pagamentos digitais no País como outro fator positivo. Porém, ressalta: "A decisão (de quando lançar o Apple Pay no Brasil) é 100% da Apple. À Mastercard cabe  apenas estar pronta quando isso acontecer."

Outro mercado que está avançado no uso de NFC para pagamentos é a Polônia, destaca Theodoro. Lá, existe uma base grande de cartões de crédito com NFC embutido e o costume de pagar por proximidade se popularizou entre os consumidores. Austrália, França e Canadá são outros candidatos a terem o Apple Pay lançado se forem levados em conta o parque de terminais POS e o costume dos usuários de pagar sem contato.

Android

Entretanto, é mais provável que, antes do Apple Pay, chegue ao Brasil algum serviço de pagamento com NFC para smartphones Android. Fontes preveem que isso aconteça em um curto espaço de tempo e apontam a Samsung como uma das candidatas e liderar algum projeto do gênero.

No caso do Android, uma das alternativas é a solução conhecida como HCE (Host Card Emulation), em que o elemento seguro do cartão fica armazenado na nuvem, o que dá mais agilidade e independência para bancos emissores lançarem serviços de pagamento móvel sem precisar de acordos com operadoras ou fabricantes de celulares. Para contornar problemas nas redes móveis brasileiras, cuja baixa velocidade de dados e sombras de cobertura atrapalhariam as transações com HCE, a saída seria adotar soluções que entreguem um grupo de chaves para transações a cada vez que o celular se conecta à Internet, evitando que o pedido precise acontecer no ato da compra em si.

"O pagamento sempre está baseado em três pilares: experiência do usuário, segurança e custo. Não adianta ter solução segura e de baixo custo se a experiência não for boa, pois frustra o consumidor", avalia Theodoro. "Nem sempre as regras do cartão de plástico são as melhores para o mundo digital. Este requer uma visão diferente (por parte dos emissores)", comenta.

Para o lançamento do Apple Pay nos EUA, a Mastercard desenvolveu uma plataforma chamada Mastercard Digital Enablement Service (MDES). Ela viabiliza o processo de tokenização, fundamental para o Apple Pay e outros serviços futuros de pagamentos móveis. "É uma plataforma multicanal, multidispositivo e multibanco", diz o executivo. É esperado que outros fabricantes a adotem em breve para o lançamento de serviços de m-payment.

Shift

A Mastercard vai organizar no dia 6 de dezembro, em São Paulo, um evento voltado para start-ups com soluções inovadoras em pagamentos digitais, o Shift. Haverá uma seção de pitch ao vivo para as start-ups apresentarem seus projetos. Serão distribuídos R$ 20 mil em prêmios para as melhores ideias. Inscrições podem ser feitas no site http://www.mastercard.com/br/shift/.

 

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